Uma Trova Nacional
O que fez o Zé sofrer,
não foi ele ter ouvido
alguém na moita gemer,
foi conhecer o gemido!
–Campos Sales/SP–
Uma Trova Potiguar
Sapateiro não “esquenta”,
fabrica até pra exportar;
só faz sapato quarenta
pra calçar parlamentar.
–Severino Campêlo/RN–
Uma Trova Premiada
2002 > Nova Friburgo/RJ
Tema > BOTECO > 1º Lugar.
Ao chegar no beleléu,
mostra, o bebum, seu espanto:
- Não tem boteco no céu"?
E as pingas que eu dei pro santo ?!?
–Sérgio Ferreira da Silva/SP–
mostra, o bebum, seu espanto:
- Não tem boteco no céu"?
E as pingas que eu dei pro santo ?!?
–Sérgio Ferreira da Silva/SP–
Uma Trova de Ademar
Anotem o que eu vou dizer:
Deus já fez tudo... E, de resto,
só falta mesmo fazer
político bom e honesto.
–Ademar Macedo/RN–
...E Suas Trovas Ficaram
Era uma bruxa sem graça!
Não me dava paz nem trela.
Eu, então, só por pirraça,
me casei com a filha dela.
–Célio Grunewald/MG–
Simplesmente Poesia
MOTE:
Numa receita de Joça.
GLOSA:
Tinha raspa de juá,
raiz de urtiga, cardeiro,
cipó de sapo, pereiro,
ovo, milona e jucá,
jurubeba, manacá,
tinha suco de taboca,
crueira de mandioca,
fedegoso e vassourinha;
era tudo o que continha
numa receita de Joca.
–Moysés Sesyom/RN–
Estrofe do Dia
Só vive numa oficina
deixando seu dono em pânico,
levando Riva a ruína
e enriquecendo o mecânico;
não tô querendo ser chato,
mas jogue o carro no mato
para não perder de tudo;
pois assim disse o seu fã:
carro velho e sutiã
só compra quem é peitudo.
–Ademar Macedo/RN–
Soneto do Dia
APARÊNCIAS SOCIAIS.
–Áurea Miranda/BA–
Chegou tarde ao trabalho – então, foi dispensado:
porque os olhos vazios no fundo das olheiras
deviam-se, decerto, a uma das bebedeiras,
às quais (também, decerto...) estava acostumado.
Estômago vazio, bolsos vazios e as beiras
dos chinelos quase um papel mal laminado,
resvalou na sarjeta – e o corpo, ensangüentado,
deixou sobre a calçada as últimas carteiras.
Uma era a de trabalho; a outra, a identidade
– ambas também vazias: já não tinha idade
pra ser trabalhador e nem pra ser alguém...
Mas, antes de o baixarem para a sepultura,
a esposa extraiu-lhe a frouxa dentadura
que há muito não usava: “Era um homem de bem.”
porque os olhos vazios no fundo das olheiras
deviam-se, decerto, a uma das bebedeiras,
às quais (também, decerto...) estava acostumado.
Estômago vazio, bolsos vazios e as beiras
dos chinelos quase um papel mal laminado,
resvalou na sarjeta – e o corpo, ensangüentado,
deixou sobre a calçada as últimas carteiras.
Uma era a de trabalho; a outra, a identidade
– ambas também vazias: já não tinha idade
pra ser trabalhador e nem pra ser alguém...
Mas, antes de o baixarem para a sepultura,
a esposa extraiu-lhe a frouxa dentadura
que há muito não usava: “Era um homem de bem.”
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