Manchetes dos principais jornais do Brasil - 19 de maio de 2011
Folha de S. Paulo
Governo propõe aposentadoria com idade mínima de 65
O ministro Garibaldi Alves Filho (Previdência) sugeriu ontem a fixação da idade mínima de 65 anos para aposentadoria. A faixa etária seria válida apenas para quem entrasse no mercado de trabalho a partir da mudança.
Governo propõe aposentadoria com idade mínima de 65
O ministro Garibaldi Alves Filho (Previdência) sugeriu ontem a fixação da idade mínima de 65 anos para aposentadoria. A faixa etária seria válida apenas para quem entrasse no mercado de trabalho a partir da mudança.
A proposta foi apresentada durante uma audiência na CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado. Além disso, o ministro defendeu uso de uma fórmula para quem já trabalha. Segundo o modelo, seria permitida a aposentadoria integral quando a soma da idade com o tempo da contribuição previdenciária atingisse 85 anos para as mulheres e 95 para os homens. As duas mudanças, antecipadas pela Folha, devem substituir o fator previdenciário -fórmula de cálculo do valor do benefício para desencorajar aposentadorias precoces, adotada em 1999.
Governo manobra e barra convocação de Palocci pela Câmara
O governo conseguiu ontem derrubar com folga todas as tentativas feitas pela oposição de convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para dar explicações à Câmara dos Deputados sobre sua evolução patrimonial.
Governo manobra e barra convocação de Palocci pela Câmara
O governo conseguiu ontem derrubar com folga todas as tentativas feitas pela oposição de convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para dar explicações à Câmara dos Deputados sobre sua evolução patrimonial.
Na principal delas, o plenário da Casa rejeitou por 266 votos a 72 o pedido de convocação de Palocci, com ajuda de integrantes da oposição.
Os oposicionistas começaram logo cedo a tentativa de aprovar os requerimentos, nas comissões de Fiscalização e Controle e de Agricultura, essa última comandada por um deputado do DEM. Mas as duas sessões acabaram suspensas devido a uma manobra da base governista.
No mesmo horário das tentativas de convocação, foi iniciada sessão extraordinária no plenário da Casa, o que automaticamente impede votações nas comissões. Oposicionistas chegaram a colar cartazes nas paredes das comissões com o texto "Blindagem para Palocci".
Procurador-geral da República pedirá informações a ministro
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que deverá pedir informações ao ministro Antonio Palocci (Casa Civil) até o início da semana que vem. Também afirmou que deverá estabelecer um prazo de 15 a 20 dias para ele responder. Duas representações já foram enviadas à Procuradoria-Geral da República. Uma só do PPS e outra de todos os partidos da oposição (DEM, PSDB e também PPS). Gurgel afirmou que já analisou a primeira representação, mas disse que não encontrou até o momento elementos para pedir abertura de inquérito.
Consultoria: empresa é chamada para conter crise
O ministro Antonio Palocci contratou a empresa de comunicação FSB para ajudá-lo a conter a crise desencadeada por sua evolução patrimonial. O objetivo é tentar isolar a crise da atuação de Palocci como ministro. A nota da Casa Civil sobre o "valor de mercado" de um ex-ministro foi considerada desastrosa.
Ministra da Cultura diz ter sido vítima de "turbulências forjadas"
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, afirmou ontem que a crise na pasta foi fruto de "turbulências forjadas". A ministra tem sido criticada por setores do PT e do governo, que a acusam de estar abandonando a política cultural da gestão Lula. "Não estou mais preocupada com essa questão das turbulências que foram muito forjadas também", disse. "Agora, a imprensa já está compreendendo que houve uma turbulência meio provocada por motivos que não têm nada a ver com a questão cultural, e o importante é que a gente está trabalhando. O Ministério da Cultura está muito ativo", completou. Ela esteve ontem no Museu Histórico Nacional, no Rio, por conta da 9ª Semana Nacional de Museus.
Embate sobre Código Florestal entre governistas trava votações
Principal aliado do Planalto, o PMDB contrariou ontem o governo e impediu a votação na Câmara de uma medida provisória que concentra interesses com impacto nos cofres públicos. O governo tentou votar a medida provisória 517 que, entre outros assuntos, trata da prorrogação de um encargo nas contas de luz que movimenta R$ 2 bilhões por ano.
Mas o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), havia prometido na semana passada que o partido não analisaria nada antes da votação da reforma do Código Florestal. Ele ainda tentou costurar a votação do código para a sessão de ontem, mas a ideia foi derrubada pelo governo em uma reunião com o ministro Antonio Palocci (Casa Civil).
O Globo
Operação blinda Palocci
Determinado a evitar, a qualquer custo, a convocação do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para depor na Câmara sobre o aumento de seu patrimônio, o governo atuou pesado ontem: paralisou o trabalho de comissões, cancelando as sessões, e impediu que a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle votasse os requerimentos da oposição. Mais tarde, a oposição tentou votar os requerimentos de convocação no plenário da Câmara, e a base aliada se mostrou solidária a Palocci, derrubando o requerimento por 266 votos a 73. Mas o governo não conseguiu evitar o desgaste de mais de duas horas de debate sobre o patrimônio do ministro no plenário da Casa, com transmissão ao vivo pela TV.
Articulação política de Dilma fica mais frágil
A crise provocada pela revelação da evolução patrimonial do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, expôs a fragilidade da articulação política do governo de Dilma Rousseff. Apesar dos esforços do Palácio do Planalto e do próprio Palocci em afirmar que o episódio está encerrado e que a rotina palaciana segue em clima de normalidade, a avaliação entre os principais aliados da presidente é que ela está excessivamente fechada, e seu governo, sem comando na área política. As queixas entre parlamentares da base sobre problemas na articulação política do governo vinham sendo ouvidas há algumas semanas, mas cresceram principalmente por causa da crise envolvendo o ministro Palocci, que era, de fato, o verdadeiro interlocutor político do governo petista.
'Palocci fez uma coisa normal'
Sumido de Brasília após deixar o governo Lula em 2006, em meio a suspeitas de favorecimento com verba de publicidade institucional, Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação, reapareceu ontem na Câmara e defendeu Antonio Palocci, seu ex-colega. Gushiken passou pelo gabinete do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), de onde os dois foram até a liderança do governo na Câmara se encontrar com Cândido Vaccarezza (PT-SP). Questionado sobre o motivo de sua visita, Gushiken disse:
- Estou passeando e vim cumprimentar meus amigos.
Quanto às suspeitas que pesam sobre o aumento de patrimônio de Palocci, Gushiken repetiu o discurso do próprio Palocci e da maioria dos governistas:
- Palocci fez uma coisa normal como qualquer desses 300 deputados que têm uma atividade empresarial, absolutamente legal. Ele não pode ficar comentando contratos que têm cláusulas de confidencialidade. Isso é um absurdo! Eu não vejo nenhum tipo de ação (ilegal) que o Palocci tenha cometido quando era deputado.
Prática divide Congresso e especialistas
As consultorias prestadas pelo ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, abriram polêmica no Congresso e entre especialistas sobre a legislação em vigor que permite a parlamentares manter, paralelamente aos mandatos, empresas de consultoria, desde que seus clientes não tenham vínculo com o poder público. Os parlamentares ficam divididos. Em sua defesa, Palocci citou ex-ministros e parlamentares que também são sócios no mesmo tipo de empresa de consultoria.
Contrário à prática, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) apresentou proposta de emenda que proíbe deputados e senadores de participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não; prestar consultoria ou assessoria privada; e exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comandatário.
Amazônia: desmatamento dispara e cresce 27%
O desmatamento na Amazônia cresceu 27% entre agosto de 2010 e abril deste ano, se comparado ao período anterior. Dados do sistema de monitoramento por satélite Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que 1.848 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados, contra 1.455 quilômetros quadrados desmatados no período anterior. O maior problema foi registrado em Mato Grosso, grande produtor de soja do país, como mostrou ontem reportagem do GLOBO. Foram destruídos no estado 733 quilômetros quadrados de mata nativa nos últimos nove meses, acréscimo de 47% em relação ao total anterior.
Projeto contra homofobia abre nova polêmica
A proposta da senadora Marta Suplicy (PT-SP) de alterar o texto do projeto que tipifica o crime de homofobia, do qual é relatora, e permitir, em uma emenda dúbia, que padres e pastores, com base em convicções religiosas, possam fazer críticas ao comportamento homossexual, não agradou nem aos religiosos. Em função da polêmica, a senadora admitiu ontem que pode retirar essa proposta do texto e evitar que essa concessão seja considerada inconstitucional. Na emenda que apresentou, a relatora quer alterar um artigo da Lei Afonso Arinos e argumenta que não se deve penalizar por discriminação os casos de "manifestação pacífica de pensamento fundada na liberdade de consciência e de crença". Marta justificava que não se poderia ignorar que muitas religiões consideram a prática homossexual uma conduta a ser evitada. E dizia que essas doutrinas não poderiam ser ignoradas e desrespeitadas.
- Estou revendo. Há uma possibilidade de complicação constitucional. Se você deixar falar o que quiserem (padres, pastores e outros líderes religiosos), esse direito pode se estender a pessoas de outras áreas também - disse Marta Suplicy.
Pressão religiosa no MEC
No dia em que gays fizeram passeata e até um abraço simbólico ao prédio do Supremo Tribunal Federal - na 2ª Marcha Nacional Contra Homofobia, que a organização diz ter reunido cinco mil pessoas -, o governo, pressionado por deputados evangélicos e católicos que anunciaram obstrução nas votações, mandou o ministro da Educação, Fernando Haddad, conversar com esses parlamentares. Na polêmica estão supostas publicações do ministério que, para os religiosos, estimulam o homossexualismo. Na reunião, Haddad ouviu pesadas críticas, e teve de fazer um acordo com a bancada, de debater com ela antes de publicar livros e vídeos sobre o tema.
O Estado de S. Paulo
Governo usa tropa aliada e barra convocação de Palocci
Em operação comandada pelo Planalto, o governo mobilizou a tropa aliada na Câmara e impediu a aprovação no plenário e em comissões da convocação do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para prestar esclarecimentos sobre sua evolução patrimonial. A estratégia contou com manobras regimentais que imobilizaram a oposição. Salas de comissões foram fechadas e seguranças ficaram na porta para impedir reuniões inesperadas. Por 266 votos contra e 72 a favor, a convocação foi engavetada. Ontem, Palocci procurou tucanos e parlamentares para pedir desculpas por mensagem, divulgada na véspera, por "engano". No texto, citava ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central. A trapalhada gerou a demissão de Luiz Azevedo, subchefe de Assuntos Parlamentares de Relações Institucionais.
Com quatro dias de atraso, tucanos atacam Palocci
Demorou quatro dias, mas o PSDB reagiu ao caso Palocci. Ontem, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman acusou o ministro da Casa Civil de "tráfico de influência" e outros tucanos rechaçaram comparações entre atuações no mercado financeiro de ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso e a atividade de consultor exercida por Palocci entre 2007 e 2010.
Segundo Goldman, Palocci "não apenas usou de seus conhecimentos adquiridos, o que seria legal e moralmente aceitável, mas usou de sua influência sobre um governo que, mesmo fora dele, ainda em parte comandava. Fez, no papel de deputado e de líder de fato do governo Lula, tráfico de influência", disse Goldman em texto.
Por telefone, Palocci pede desculpa a Malan e a parlamentares
Mensagem enviada por engano pelo Palácio do Planalto a deputados e senadores levou o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, a telefonar ontem, para ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central - alguns deles do governo Fernando Henrique - e pedir desculpas. Além disso, a trapalhada provocou a demissão de Luiz Azevedo, subchefe de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais, comandada por Luiz Sérgio. O texto que diz que a passagem pelo governo proporciona uma "experiência única" para valorizar os profissionais do mercado era um tipo de relatório reservado. Foi produzido pelo jornalista Thomas Traumann, assessor especial de Palocci, apenas como subsídio para a articulação política do governo orientar a defesa, no Congresso, do braço direito da presidente Dilma Rousseff.
Azevedo, porém, enviou a mensagem pelo Sistema de Informações Parlamentares (Supar), que segue para todas as assessorias da Esplanada. O e-mail foi parar nas mãos não apenas de líderes da base aliada do governo, mas também da oposição e rapidamente chegou à imprensa. A nota citava ex-presidentes do Banco Central e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BMDES), como Henrique Meirelles, Armínio Fraga, Pérsio Arida e André Lara Rezende, e ex-ministros da Fazenda (Pedro Malan e Maílson da Nóbrega) como exemplos de autoridades que se tornaram consultores.
Oposição ajudou a criar brecha legal que hoje ajuda Palocci
O Executivo federal apresentou, em 2006, um projeto de lei para proibir os chamados funcionários públicos "anfíbios" de usarem informações privilegiadas obtidas no exercício do cargo para se beneficiarem financeiramente.
O projeto de lei proíbe, entre outras coisas, que servidores de alto escalão - desde ministros aos assessores de nível superior 5 e 6 - se licenciem do serviço público sem remuneração para prestar qualquer tipo de serviço de consultoria privada.
Na época, houve notícia de funcionários da Receita Federal e do Banco Central que ganhavam dinheiro com informações obtidas no exercício da função pública alternando períodos no serviço federal e na iniciativa privada.
O texto, elaborado pela Controladoria Geral da União (CGU), também ampliava de quatro meses para um ano a "quarentena" durante a qual quem deixa o governo fica proibido de exercer função que entre em conflito com o interesse público.
Ministros aceitam fechar empresas se comissão pedir
Dos cinco ministros do governo Dilma Rousseff que têm empresas privadas ativas de consultoria, como revelou ontem o Estado, quatro informaram estar dispostos a mudar o objeto social do negócio, se a Comissão de Ética do Palácio do Planalto assim determinar. Três admitem até fechar a empresa, caso a comissão veja conflito de interesse entre o negócio e a função pública.
Os ministros Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Comércio e Indústria), José Eduardo Cardozo (Justiça), Leônidas Cristino (Portos) e Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) mantêm empresas de consultoria. Nenhum foi alertado pela Comissão de Ética sobre o risco de haver conflito de interesses, ao contrário do que teria ocorrido com o ministro Antonio Palocci (Casa Civil).
Câmara veta, mas Jaqueline vai aos EUA
Investigada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, Jaqueline Roriz (PMN-DF) foi indicada pela Comissão de Relações Exteriores para representar a Casa em um fórum internacional da Organização das Nações Unidas em Nova York. A indicação não foi aceita pela Presidência da Casa, mas a deputada viajou mesmo assim.
Jaqueline responde a processo no conselho devido ao vídeo de 2006 no qual aparece recebendo um pacote de dinheiro do delator do "mensalão do DEM", Durval Barbosa. Para salvar o mandato, a deputada argumenta que o fato é anterior a sua posse. Ela já admitiu, porém, que o dinheiro foi usado para caixa 2 de campanha eleitoral.
A viagem acontece na semana em que o Conselho de Ética desejava tomar seu depoimento sobre as denúncias. A parlamentar, porém, já tinha avisado que não compareceria e daria explicações somente por escrito.
Defesa da deputada ganha tempo para esfriar o caso
A defesa da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) aposta no esfriamento do caso para salvar o mandato da parlamentar. A estratégia é atrasar ao máximo o julgamento no Conselho de Ética e no plenário para aumentar os apoios na Câmara.
Flagrada ao lado do marido, Manoel Neto, em vídeo de 2006 recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, Jaqueline usa como principal tese de defesa o argumento de que ainda não era deputada na época. A intenção é espalhar um temor de que sua condenação poderia abrir a possibilidade de que outros parlamentares sejam processados por casos anteriores ao mandato.
Senado chama Peluso para explicar ''via rápida''
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foi escolhido como relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que antecipa condenações judiciais para a segunda instância ao transformar os recursos extraordinário e especial em ações rescisórias.
A proposta ficou conhecida como "PEC do Peluso" e, por isso, a primeira providência do relator foi justamente convidar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, para falar sobre o tema na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O convite foi aprovado na sessão de ontem, mas a audiência ainda não foi marcada.
Correio Braziliense
Prepare-se para se aposentar após os 65
Como forma de estancar déficit bilionário nas contas da Previdência, o governo quer instituir a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres do setor privado. No serviço público, conforme a proposta, o benefício máximo dos inativos passará a ser o mesmo do INSS, hoje de R$ 3.689,66.Para garantir um contracheque mais gordo, os servidores terão de contribuir para um fundo de pensão.Essas mudanças, explicou o ministro Garibaldi Alves,valerão apenas para quem ingressar no mercado de trabalho depois da aprovação da nova lei. Depois de fugir do debate, o governo finalmente resolveu apresentar uma proposta concreta para tentar estancar o deficit nas contas previdenciárias. Em audiência na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, disse que vai instituir a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria do setor privado, válida para quem ingressar no mercado de trabalho só a partir da vigência da nova lei. Para a área pública, ele apelou para que o Congresso aprove o projeto de lei que cria um fundo de pensão para os servidores, em tramitação na Câmara. Só assim, afirmou, o Tesouro Nacional deixará de bancar benefícios elevados, ao custo de R$ 50 bilhões por ano.
“Se não estancarmos essa sangria, a Previdência vai pagar muito caro, como já está pagando. Não é uma situação para se viver”, disse diante dos senadores.
Segundo o ministro, a idade mínima é uma boa alternativa ao fator previdenciário — uma fórmula de cálculo do valor da aposentadoria que leva em conta a idade do trabalhador, as contribuições feitas e a expectativa de vida. Sem a barreira etária, os homens podem se aposentar hoje a qualquer tempo, desde que contem 35 anos de contribuição. As mulheres contam com o benefício a partir de 30 anos de recolhimento. Devido ao fator, no entanto, quanto menor é a idade do segurado, menor é o valor do benefício, pois ele vai passar muitos anos recebendo na inatividade.
Esplanada de todos os protestos
Brasileiros vindos dos quatro cantos do país tomaram a Esplanada dos Ministérios ontem. No lugar dos típicos engravatados e mulheres bem vestidas que circulam pelo centro do poder, quem ocupou os 3,6km do Eixo Monumental, no quadrilátero entre a Catedral e o Palácio do Planalto, foram os movimentos sociais organizados. Do agricultor com chinelo de dedo à drag queen em cima de tamancos altos, todos gritavam por direitos, mirando especialmente o Executivo e o Legislativo. O Judiciário, por sua vez, recebeu um “abraço” simbólico dos manifestantes em favor dos direitos dos homossexuais. Não houve incidentes nem agressões. Mas os quatro protestos simultâneos — a 2ª Marcha contra a Homofobia, o 17º Grito da Terra Brasil, a Caravana Siga Bem Criança e o ato público promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para apoiar as reivindicações de agentes de saúde — prejudicaram o trânsito na capital.
PMDB e PT costuram para 2012
Os presidentes do PT, Rui Falcão, e do PMDB, Valdir Raupp, discutiram um acordo prévio em torno de alianças eleitorais, principalmente no que se refere ao alvo prioritário petista na corrida municipal de 2012: São Paulo. Como ambos terão candidatos, selaram um pacto de não agressão no primeiro turno. Falcão e Raupp consideram que o adversário principal será mesmo José Serra, do PSDB.
No almoço que tiveram ontem, em Brasília, Raupp informou ao petista que a ideia do PMDB é lançar candidatos onde for possível, seguindo a orientação do diretório nacional. Ele confirmou que Gabriel Chalita, hoje no PSB, ingressará no PMDB com o passaporte para concorrer à prefeitura. “São Paulo hoje não é uma cidade governada pelos nossos partidos”, comentou Raupp. “O importante é combinarmos desde já para que não haja caneladas e para abrirmos a possibilidade de estarmos juntos no segundo turno”, completou Falcão.
Em débito, sim, mas bem remunerada pelo Senado
O Senado tem repassado cerca de R$ 600 mil por mês a uma empresa terceirizada que não está em dia com o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dos servidores. A prática é proibida pela Lei nº 9.012/95, que veda repasses de dinheiro público para instituições devedoras. Mesmo assim, a Steel Serviços Auxiliares embolsou no ano passado cerca de R$ 6,7 milhões de órgãos públicos. Mais de R$ 5 milhões somente do Senado. Em 2011, os serviços prestados por ela à gráfica do parlamento já renderam R$ 1,6 milhão.
A empresa Steel entrou na Casa durante a administração do ex-diretor Agaciel Maia, que perdeu o cargo depois de uma série de denúncias sobre sua conduta ao longo de mais de 20 anos. De desconhecida e pequena a milionária influente, a empresa baiana transformou em rotina o atraso dos salários e dos direitos trabalhistas dos seus servidores. Por conta disso, o sindicato dos gráficos deve entrar na próxima semana com uma denúncia no Ministério Público do Trabalho.
Dilma de volta ao Planalto
Em fase final de recuperação da pneumonia diagnosticada no pulmão esquerdo no começo do mês, a presidente Dilma Rousseff voltou a cumprir agenda mais intensa no Palácio do Planalto. Ontem, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual, a presidente recebeu a rainha Silvia, da Suécia, para tratar de políticas de enfrentamento da exploração de crianças e adolescentes. A rainha, que aproveita a visita do primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, dirige a ONG Childhood Brasil há 12 anos. “Foi um momento importante, de contato da presidente Dilma com alguém que também tem demonstrado muito amor pelas crianças brasileiras, que é a rainha Silvia, da Suécia”, afirmou a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que participou do encontro.
Retrocesso à preservação ambiental
Um estudo detalhado da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, com a análise de cada artigo, parágrafo e inciso do relatório do novo Código Florestal, aponta as mudanças no texto do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e, como consequência, a redução das áreas preservadas e do “grau de proteção ambiental” estabelecido na proposta. O Correio teve acesso a uma cópia do estudo, concluído ontem pelas consultoras legislativas Suely Guimarães de Araújo e Ilidia Martins Juras, da área de direito ambiental. É o primeiro levantamento feito por uma equipe da Consultoria Legislativa da Câmara, sem atrelamento a partidos, bancadas ou organizações não governamentais. As consultoras mostram no documento, já distribuído a alguns parlamentares, um retrocesso em grande parte das alterações feitas por Aldo no texto levado a plenário na quarta-feira da semana passada. A votação foi adiada e deve ocorrer na próxima terça-feira.
Rebelião na própria base
O PMDB se uniu à oposição para anunciar uma derrota ao governo nas negociações do novo Código Florestal. O partido conseguiu acordo e todas as votações na Câmara serão adiadas para depois da terça-feira, data para a análise definitiva da lei ambiental. O maior revés do Planalto, entretanto, deve se dar na votação da matéria. Os peemedebistas conseguiram reunir DEM, PPS, PSDB e pelo menos quatro partidos da base em torno de uma emenda que consolida áreas devastadas ilegalmente e livra os desmatadores da necessidade de recompor as porções degradadas.
Deputados rejeitam convocação de Palocci
O governo acionou sua tropa de choque ontem a fim de evitar a convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para depor na Câmara dos Deputados. A ofensiva incluiu até o cancelamento de reuniões de grupos de trabalho da Casa e a convocação de toda a base aliada para o plenário logo de manhã.
A articulação do Planalto para evitar que Palocci tenha de ir à Câmara explicar a variação patrimonial de 1.900% nos últimos quatro anos teve início logo na abertura dos trabalhos legislativos, com o cancelamento da reunião na Comissão de Fiscalização e Controle. Na véspera do encontro, o líder do DEM, ACM Neto (BA), havia declarado que protocolaria requerimento convocando Palocci e o titular da Comissão de Ética da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, a deporem sobre o episódio. Para evitar um revés, o presidente do colegiado, Sérgio Brito (PSC-BA), cancelou a reunião.
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