quinta-feira, 9 de abril de 2009

Jornal Cajarana - Editorial da 23ª edição

Saúde pública: um mal diagnosticado
O Sistema Único de Saúde (SUS) vislumbrou, com a criação do Programa Saúde da Família (PSF), o elo definitivo de aproximação entre o médico e o paciente. Pura filosofia populista. Melhor dizendo, um modelo cubano que não deu certo, nem nunca vai dar certo. A saúde pública é uma obrigação, um dever do Estado.

Sua eficiência é onerosa para os gestores, então os governantes imaginam que bom mesmo seria concentrar todos os enfermos, adoentados, envelhecidos e operados, num mesmo local, acomodados e isolados. Parece assim mesmo pensar nossos governantes.

A saúde pública não tem prioridade na concepção dos conceitos capitalistas do país, portanto, menos oneroso seria optar pela prática assistencialista da consulta, da receita e por fim, a graça conclusiva, a oferta das amostras grátis oferecidas pelas multinacionais dos medicamentos, dos laboratórios dos governos que reconhecem a classe médica como meros representantes do sistema.

No interior do Estado, na maioria das cidades da nossa região, os médicos estão desestimulados com a profissão e muitos enfrentam uma verdadeira maratona ao trabalhar em duas, três, até quatro cidades, juntando salários e sem tempo para pesquisar e acompanhar a evolução do exercício da própria Medicina.

Esses empregos são adicionados às suas indisposições profissionais, que somados às infra-estruturas hospitalares inadequadas, sucateadas e arcaicas, resultam em profissionais sem as mínimas condições da prática ou do exercício pleno da profissão. Doutores agora assumem as condições de meros e simples despachantes. Atendimentos e procedimentos simples às vezes se tornam duvidosos pela falta das condições necessárias e os encaminhamentos para a capital se tornam “o cumprimento do dever”.
As classes menos favorecida sabem disso com detalhes pelos exemplos do dia a dia. O diagnóstico de uma doença em alguém da família carcteriza um sofrimento, um conhecimento intuitivo de constrangimento e desesperança.
E muitas vezes a Fé que lhes resta superam o mau ou até o inexistente atendimento. A experiência e a prática levam as condições primatas, e convencidos de viverem num país de terceiro mundo, submissa a pobreza aguarda o milagre que pode chegar pelas mãos dos anjos vestidos de branco. E nos armários os jalecos em cabides podem virar fantasmas.

O sistema assim nos condiciona. Se alguém tem condições financeiras de alcançar os planos de saúde, que seja prudente e econômico, pois o quinhão como tributo é quase vitalício. E assim, por essas e outras, a Saúde no Brasil vai continuar por muito tempo, mal, péssima e de vez enquando na UTI.

E os médicos sem compromissos ou vínculos empregatícios, sem hora pra chegar ou atenções ao seu juramento descobrem talvez que deveriam ter outras profissões e o atendimento diferenciado surge como se fosse uma prática salvadora da pobreza.

Em Santana do Matos e na maioria das cidades do interior as ambulâncias não param na ida e vinda aos corredores inchados dos hospitais, a forçar mais um leito na capital.
O pior exemplo foi o de um paciente em Santana do Matos que, acometido de uma dor súbita no abdômen por um, dois, três dias indo ao hospital da cidade, era atendido, tomava soro, um analgésico, voltava pra casa e em seguida retornava ao hospital. Assim passou 12 dias. Quando foi encaminhado a Natal era um infartado a tantos dias a sofrer, chegando a óbito.

É esse nosso sistema, é essa nossa saúde, são esses nossos impostos que nem seguridade social oferecem à tão importante classe de profissionais que são forçados a uma rotina não condizente com sua profissão.
Dutra Assunção.

Um comentário:

  1. Fábio Augusto Melo Assunção16 de abril de 2009 às 13:23

    O Problema da saúde no país não é o SUS, mas sim a visão hospitalocêntrica de se tratar saúde como doença. Outro problema é o gestor, sobretudo o estadual. Os repasses de saúde têm apresentado crescimento a cada ano que passa. O problema é saber como estes repasses chegam ao município. Um outro ponto é o Conselho de Saúde do município. Este tem voz ativa para denunciar e apontar desqualificações e precariedades. Não considero o PSF um programa filosófico e populista. Não é filosófico pois, já acontece em países como Canadá, França, Inglaterra e Cuba. O resultado destes programas podem ser mensurados no site da Organização Mundial de Saúde (OMS), e Cuba é o primeiro lugar, segundo a organização AMERICANA!!! Populista também não deve ser considerado pois não foi uma elite que o criou, e sim uma demanda da própria população gaúcha e paulistana. Populismo são condutas políticas provenientes de uma classe social dominante e não de uma não participante. O que sedeve pensar é na Atenção Básica de Saúde. Esta sim tem o poder de diminuir estrangulamentos de atendimentos em grandes cidades. Por último, sem participação social, não se faz saúde. Sugiro que assistam o filme Sicko - S.O.S. Saúde, de Michael Moore, e tirem suas conclusões.

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