O clima nessa reta final das eleições lembra o de 1989: naquela época país dividido entre ricos e pobres, hoje mais politizado definem o sistema de governo. Agora o povo revoltado com a corrupção, baixarias nas campanhas, o PT novamente enfrentando um candidato apoiado pela direita e muito mais experiente.
Bem analisado e comparado acho que, em certo sentido, as coisas estão mais claras e o povo mais consciente e tranquilo.
Naquele pleito havia restrições em apoiar Fernando Collor. Muitos de seus defensores não tinham coragem de defendê-lo em público. Os grandes jornais rejeitavam Lula, naturalmente, mas tinham pouca convicção no candidato alagoano. O Estado de S. Paulo declarou apoio a ele apenas nos últimos dias da campanha.
A Veja ajudou na construção do mito do caçador de marajás. É conhecido o episódio em que Roberto Civita, então à frente da Abril, se recusou a recebê-lo na sede da empresa, durante a campanha, por ter sido avisado de última hora.
A Globo, de fato, contribuiu com a famigerada edição do último debate, em que o Jornal Nacional, na véspera do segundo turno, levou ao ar os melhores momentos de Collor – e os piores de Lula.
Neste novo momento não imaginamos as decisões a serem tomadas quanto ao futuro da imprensa escrita e falada do país.
Naquele ano de 1989 na sociedade civil não era fácil achar quem se manifestasse a favor de Collor. Algumas pessoas de renome se expuseram com suas preferências e até hoje sofrem com o estigma. Hoje existe uma conscientização maior, o eleitor pode definir, analisar e escolher se queremos um país capitalista ou comunista. Essa opção está bem clara e exigida.
A situação não está melhor no sentido inverso. Os comunicadores das redes sociais alimentados por verbas do governo petista fazem o debate regredir a tempos passados, a outra realidade. Ignoram qualquer contexto e partem para o posicionamento radical. As comparações com o governo FHC são ridículas, como se o país fosse o mesmo em 2014 e em 1994 ou que o plano Real tenha sido inverdade ou uma obra de ficção.
Amigos que se dizem “de esquerda” nas redes sociais adotam comportamento de torcida de futebol – e se rendem a um “nós contra eles” que remete aos primórdios da redemocratização. Revistas apoiadas pelo governo estampam entrevista com Lula na capa a poucas semanas da eleição.
Se de um lado os tucanos se deixam influenciar por determinados segmentos, do outro os dirigentes do PT vão se tornando obstinados pelo poder. Ambos varrem para baixo do tapete os erros cometidos nos últimos doze anos, onde se prejudica o PT pelas limitações de Dilma.
Relembramos as expressivas manifestações de junho de 2013, agora conscientes que não tínhamos lideranças. Sem galhardetes ao punho, parecia surgir uma nova visão política do povo brasileiro. Eventos como os que ocorreram em torno de Dilma esta semana em São Paulo, na frente da PUC, reforçam velhas práticas da militância e passam ao PT a impressão de que nada precisa mudar.
A eleição de 1989 era a primeira para o Planalto após a redemocratização. O sistema ainda cooperativista pelo Senado e Câmara Federal a derrotou, alegando que o país seria fortalecido pelo impeachment e que sairia mais confiante para as próximas eleições, fortalecimento e funcionamento das instituições.
Vinte anos que o Brasil está entre tucanos e petistas. Anos de avanços em muitas frentes – mas agora, o eleitor mais consciente entende a importância e a necessidade da alternância no poder.
Neste momento as candidaturas se desgastam pelo baixo nível da campanha, deduzindo o eleitorado que time que não cuida de sua reputação tem que ter reserva para baixar a bola dos inflados pelo poder.
Seria oportuno conscientizar a galera que preparem a consciência que faltam 4 dias para terminar a pelada.
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