Brasília (AE)
Envolvido no mensalão será presidente da CCJ
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) será o indicado do seu partido para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara. Ele é réu no processo em andamento no Supremo Tribunal Federal sobre o esquema de pagamento de mesada a parlamentares que ficou conhecido como “mensalão”.
A indicação de João Paulo foi anunciada pelo líder do PT, Paulo Teixeira (SP), e acontece depois de uma guerra interna na bancada do partido. Além do escolhido, Ricardo Berzoini (SP) pleiteava o posto. O racha na bancada começou antes, ainda no processo de escolha do candidato do partido à Presidência da Câmara, no qual Marco Maia (RS) bateu Cândido Vaccarezza (SP).
Para evitar que a disputa pela CCJ aumentasse a divisão no partido criou-se uma comissão de negociação com sete deputados de várias tendências para tentar buscar um acordo. Além desta vaga, a comissão dividiu entre as correntes partidárias vários cargos que serão ocupados pela bancada do partido. O acordo interno do PT foi anunciado pelo líder, Paulo Teixeira (SP).
João Paulo ficou com a indicação para a presidência da CCJ em 2011 e Berzoini será o nome do partido para o cargo em 2012. Este entendimento só aconteceu depois que Berzoini desistiu de levar a disputa a voto.
“O João Paulo faz muita questão de ser presidente agora, então eu fiz este gesto para evitar que nós tivéssemos uma votação acirrada na bancada constrangendo muita gente”, disse Berzoini. Escolhido, João Paulo afirma que o acordo apaziguou a bancada. Ele aguarda, porém, sua indicação se transformar em eleição no plenário da comissão antes de anunciar seus planos no cargo.
O deputado não se mostra constrangido com o fato de ser processado no Supremo pelo escândalo do mensalão. “Ser réu não significa ser culpado. Eu confio na justiça, estou seguro da minha inocência e enfrento este debate de peito aberto”. O STF aceitou denúncias contra João Paulo por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato. O julgamento pode acontecer ainda neste ano.
O PT dividiu também outros cargos que caberão à bancada na Câmara. A corrente Mensagem ao Partido vai indicar quem ficará a frente da comissão de Finanças e Tributação, enquanto o Movimento PT deve indicar Fátima Bezerra para a de Educação. Caso o partido consiga na divisão dos cargos na Casa a comissão de Direitos Humanos, esta caberá à Articulação de Esquerda.
O acordo avançou também para a definição de outras funções. Arlindo Chinaglia (SP) deverá ser o relator do Orçamento de 2012 e o nome de Odair Cunha (MG) será levado para a presidenta Dilma Rousseff como indicado para ser vice-líder do governo na Casa. Envolvido nas negociações, Odair Cunha acredita que com esta composição a bancada supera a crise iniciada na disputa entre Maia e Vaccarezza. “O acordo entrelaça as correntes e as diversas dinâmicas que esta bancada tem. Assim superamos a divisão que a bancada teve na disputa pela presidência da Câmara”.
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