CAATINGA
Não sou conhecida por Maria
Nem também me chamo José.
Fui crescida no chão da alegria
E cultivada no estrume da fé!
Já concebi vários filhos
Sem nenhum chamar-se Jesus!
Sou agasalho... Sou ar... Luz...
Energia! Mas, vivo a sofrer
Sem você ainda perceber.
Sinto dor... Tenho minha cor,
Mas não sou racista. Sou bonita,
Perdão, bela! E esquento sua panela!
Não sou Iracema; sou Jurema...
Pereiro... Marmeleiro... Cardeiro...
Catingueira... Pau D’arco... Juazeiro!
Sou tudo de bom para você:
Sou cama... Sou mesa... Chama...
Sou seu assento... Seu buquê!
Mas, não sei ainda porquê
Você me maltrata e me mata!
Quando você se divorcia
Encontra outra mania!
Mas toda vez que me arranca
Esvazia minha família...
Eu sou Caatinga você homem!
Sua evolução é minha crucificação!
É o Sertão nu... É a devastação...
A fragilidade da sua construção!
Autor: Gilberto Costa
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