Caminhando na Praça
Quisera nossa praça Aluízio Alves em Santana do Matos fosse um palco, com pouco público ao redor, mesmo assim, vestido de palhaço, gritaria aos quatro cantos entre os monumentos: coreto, mini arena romana, caramanchão e a fonte luminosa, com chamamentos hilários ou absurdos, tentaria em vão renascer inspiração ou retomar os valores da terra. Como respostas os risos fossem costumeiras zombaris pelo desengano dos que ainda têm a sensibilidade e necessidade da graça como um sinal, uma chama permanente de renovação de suas origens e de seus valores. Teria a praça como palco, o chapeu como símbolo de saudação, a coragem e a criatividade como uma condição democrática e possível. Estaria resgatando a arte de rua, que não fosse um palhaço aplaudido mas que motivasse o cantador de coco, as duplas de repentes, violeiros, os repentistas dos bares e botequins, as breves istórias contadas pelo poeta Assis Braga cheias de humor ou lembrando a prosa em grupo em reunião de poetas no Gatu’s Bar em Bom Jesus, a impulsiva entrada no bar do Preguinho em desculpa ao sair pelo beco sem encontrar “freio pra gato” na feira livre.
Bar do Preguinho - Foto: Arquivo Assis Braga
Bar do Preguinho - Foto: Arquivo Assis Braga
Por uma opção mais politizada e curiosa recorrer aos plantonistas na área espaçosa do bar da Sandra com direito ao anexo em sombra das árvores na calçada. Com mais apetite as guluseimas na varanda do bar da Prima. Que motivassem os detentores do poder, que dividissem o entretenimento, além das bandas de forrós, frases e gestos obscenos sem respeito as gerações, aos costumes e descostumes, que oportunizasse conteudos latentes de nossa cultura distorcida. Com tudo isso, os protagonistas, artistas da vida, cidadãos comuns que representam e consomem uma cidade como história, singela platéia numa praça como se fosse a mesa. Lembranças como imagens vivas – Ou a praça se torna crítica como um muro de Berlin a espera de novos conceitos da política local, incoerente e destruidora.
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