segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

INTERNAUTA BRASILEIRO SOFRE COM UM SERVIÇO DE BANDA LARGA LENTO, CARO E INEFICIENTE

Economia
A via-crúcis para ter banda larga
Usuários se queixam e governo sinaliza com plano nacional para massificar os serviços até 2014
Gustavo Henrique Braga

Para aumentar a qualidade dos acessos à rede mundial,
o investimento no setor chegará a R$ 13,2 bilhões no país
Foto: Eduardo Maia/DN/D.A Press
Comparado aos países desenvolvidos, o internauta brasileiro sofre com um serviço de banda larga lento, caro e ineficiente. As queixas registradas em órgãos de defesa do consumidor revelam que os gargalos são grandes e de difícil solução no curto prazo. Como saída, o governo Dilma Rousseff acena com o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) - cuja meta é cobrir, até 2014, 68% dos domicílios com internet rápida-, mas seus efeitos ainda são incertos. Enquanto isso, as conexões patinam. Levantamento da Cisco, em parceria com a consultoria IDC, mostra que 63,5% dos acessos usufruem de velocidade abaixo de 2Mbps (Megabits por segundo).

O número é mais alarmante quando visto sob critérios internacionais, como por exemplo o usado pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos. Com base nessa abordagem, o termo banda larga só pode ser atribuído a conexões de, no mínimo, 4Mbps. Quando o padrão americano é aplicado ao Brasil, a conclusão é de que praticamente não há internet de altavelocidade. Dos 12 milhões de acessos fixos no Brasil, cerca de 1 milhão tem velocidade de 255Kbps (Kilobits por segundo) ou menor. Os terminais que oferecem velocidades entre 256Kbps e 999Kbps são cerca 4 milhões.

No quesito preço, a situação é menos animadora ainda. A consultoria Teleco descobriu que, em média, paga-se US$ 28 (R$ 46) por uma conexão de 1Mbps, contra US$ 19,95 (R$ 33) desembolsados nos Estados Unidos. ´A tecnologia da informação e da comunicação afeta o crescimento e a banda larga afeta mais: um aumento de 10 pontos percentuais nas conexões de alta velocidade da internet resulta em um salto de 1,3 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um ano),`afirma Marcelo Ehalt, diretor de Engenharia da Cisco Brasil.

Com vista a esse potencial, o PNBL prevê investimentos de R$ 13,2 bilhões em cinco anos. A expectativa é triplicar a oferta de banda larga disponível hoje e, ao mesmo tempo, forçar as operadoras privadas a baixarem os preços, massificando o acesso àrede para famílias das classes C, D e E, bem como para o maior número possível de municípios.

Críticas
Não bastassem a velocidade lenta e o preço alto, o mau atendimento por parte das operadoras completa o cenário de descaso. Maria Inês Dolci, coordenadora da associação Proteste, revela que as reclamações mais comuns são falta de constância da velocidade prestada, obrigações contratuais que isentam de responsabilidade as prestadoras e queda do serviço. O Ministério Público Federal chegou a abrir um inquérito para apurar a qualidade do serviço de internet móvel 3G. "Se perceber que está sendo lesado, o usuário deve registrar uma reclamação junto à operadora e guardar o protocolo para eventuais ações na Justiça", reforça Maria Inês.

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