ARTIGO
Por Pedro Luis de Araújo Braga
Por Pedro Luis de Araújo Braga
Completa no próximo mês o seu Jubileu de
Ouro o Monumento Cívico-Militar ou a Revolução Democrática Brasileira, na
realidade uma contra-revolução que salvou o País do caos para o qual estava
sendo conduzido e que postergou, por vários anos, o êxito de nova tentativa de
tomada do poder por uma minoria comunista, então encastelada nos sindicatos e
outras instituições, bem como em diversas esferas do Governo.
Nossos detratores, os vencidos de então,
que anistiamos na esperança de paz e de concórdia nacionais, incansáveis,
obliterados e empedernidos que são, e outros que não viveram aqueles tempos
sombrios mas que procedem como “o papagaio de casa de tolerância do interior”,
rotulam-no de “Golpe Militar” que implantou a “ditadura” no Brasil. Este meio século,
para eles, significa “anos de chumbo”, ou “anos de escuridão”.
A técnica da propaganda aconselha que os
slogans, os chavões, as idéias-força, as palavras-chave, devem ser repetidas à
larga, até tomarem foros de realidade. E não faltam “marqueteiros” milionários,
vendedores de ilusão, para ajudar nesse mister, que conta com a ampla difusão
de certa mídia, comprada ou comprometida ideologicamente, e que não respeita
ética e nem tem compromisso com a verdade.
Se perguntarmos a um desses que engrossam
tal corrente, até bacharéis, se sabem o que caracteriza uma ditadura e quais
são os parâmetros de uma democracia, terão dificuldade em responder. Ignoram
que todos os Presidentes Militares foram eleitos pelo Congresso e que a maioria
dos países democráticos utiliza uma forma indireta de escolha de seus
mandatários.
Nunca se deram conta – ou esqueceram-se, ou
jamais lhes disseram – por exemplo, que José Maria Alkmin, ex- Ministro da
Fazenda de JK, foi o Vice-Presidente de Castelo Branco, e que Aureliano Chaves,
ex-Governador de Minas Gerais, o foi de João Figueiredo. Não lhes interessa
lembrar que o MDB era o partido de oposição e que, por duas vezes, chegou a
lançar candidato à Presidência da República, derrotado no voto. E que havia,
circulando, jornais contra o governo, como, no Rio de Janeiro, o Correio da
Manhã....Ditadura?
Mas, por quê ocorreu, há meio século, o
movimento de que estamos falando? A situação nacional deteriora-se a tal ponto
que se temia um iminente golpe comunista, tal como o tentado em Novembro de
1935, para a tomada do Poder. Eram greves em atividades essenciais,
desabastecimento, inflação galopante, comícios ameaçadores, serviços públicos
em crise, as intimidações da CGT.
E a Nação, cuja voz era a voz de Deus, aflita,
temerosa, apelou para suas Forças Armadas – povo fardado que sempre, ao longo
dos tempos, estiveram a seu lado, pois nunca foram intrusas na História Pátria.
Como bem escreveu o lendário Osório, “a farda não abafa o cidadão no peito do
soldado”. Sempre é bom lembrar a extraordinária “Marcha com Deus e a Família
pela Liberdade”, que congregou, em passeata cívica e ordeira, um número
incontável e inimaginável de bons brasileiros, de iniciativa e coordenação de
Senhoras da sociedade.
No âmago das Forças Armadas, a disciplina e
a hierarquia, suas bases constitucionais e verdadeiras cláusulas pétreas, eram
violentadas às escâncaras. Inspirados na velha tática napoleônica, tentaram
dividir-nos, para nos bater por partes. Falava-se, abertamente, em “classe dos
sargentos” e “classe dos oficiais”, como se não houvesse uma classe militar
única e indivisível, organizada em círculos hierárquicos, sob uma disciplina
comum.
Teciam-se freqüentes loas aos chamados
“Generais e Almirantes do povo” – os “legalistas”, afinados com o Governo e que
colocavam a lealdade à figura do Presidente acima de seu compromisso para com a
Nação, pois só esta é eterna – e os “Gorilas”, os que manifestavam preocupação
com o estado das coisas e, por várias vezes, haviam alertado o Governo para a
situação preocupante, na esperança de uma mudança sensata de postura. Mas o
Comandante Supremo só ouvia os “pelegos” que tinham livre acesso a ele.
Muitos não querem lembrar da revolta dos
sargentos em Brasília; da “Associação de Marinheiros e Fuzileiros”, que pregava
abertamente a insubordinação e cujos dirigentes, seguidos por outros, acabaram
refugiando-se no Sindicado dos Metalúrgicos, que lhes deu apoio e de onde foram
retirados, presos; da reunião no Automóvel Clube do Brasil, no Passeio Público
do RJ, com o incentivo e a presença de João Goulart, e do espetáculo deprimente
de praças carregando nos ombros um Almirante, seu adepto – todos fardados -,
demonstração inequívoca de quebra de disciplina e de hierarquia. Não interessa mencionar
os comícios comunistas, a ação das Ligas Camponesas, dos “Grupos dos 11”... Era
a própria revolução marxista em marcha!
Vitorioso o movimento democrático, tão
solicitado e aplaudido pela maioria esmagadora da Nação e sem derramamento de sangue
– diferente, pois, do que ocorreu em outros países onde foi implantado, pela
força, o regime comunista – o Brasil ainda viveu anos difíceis, com o
surgimento da luta armada, nas cidades e no campo: assaltos, seqüestros,
roubos, atentados, guerrilhas. Foram os comunistas novamente derrotados e,
outra vez, não contaram com o apoio da população.
Mas, como resultado ou vingança, nossos
detratores rotularam todos os que, cumprindo ordens superiores, empenharam-se
na defesa da democracia, como “torturadores”, tal como dão, genericamente, a
todo profissional da área de Inteligência – essencial a qualquer Estado
democrático – o epíteto de “Araponga”.
Derrotados naquela luta, apresentam-se hoje
como “heróis da democracia”, cada qual fingindo ser um idealista que só queria
o bem do Brasil... No fundo, há um interesse por indenizações, bolsas e cargos.
E um exemplo dessa desigualdade e injustiça é patente: Mario Kozel Filho, um
jovem soldado que durante a prestação do Serviço Militar inicial, estava de
serviço de sentinela no Quartel-General do então II Exército, em S. Paulo, foi
vítima de um atentado terrorista e morreu; sua beneficiária recebe pensão
normal de 3º Sargento, graduação à qual foi promovido post mortem, enquanto que
o assassino que o matou, anistiado, recebeu polpuda indenização e tem um
salário mensal vitalício, isento de Imposto de Renda...
Guerrilheiros de ontem, condenados hoje por
outros crimes recentes de corrupção e afins, têm a desfaçatez de se declararem
“presos políticos”. De seus companheiros de aventura, hoje no Poder?
As obras destes cinqüentas anos aí estão,
Brasil afora. É impossível alinhá-las todas nestas poucas linhas. Bem feitas,
porque construídas com competência, honestidade e fiscalização. Ninguém foi
acusado de corrupção. Não houve majoração indecorosa de preços, nem
“mensaleiros”, tampouco dinheiro na meia ou na cueca, nem lavagem e depósitos
em contas em paraísos fiscais. Aqueles que as edificaram morreram pobres. Mas,
para os detratores sempre ativos, é imperioso desvinculá-las daqueles que as
idealizaram e tornaram-nas realidade.
Daí até o nome de algumas tentam agora
mudar. Na modesta placa de bronze colocada na Ponte Costa e Silva, lê-se:
“...É um exemplo da determinação do Povo Brasileiro em caminhar firmemente para
o futuro.” Este era o espírito nacional àquela época! Os jovens cantavam: “Pra
frente, Brasil!” Hoje, uma entidade que parece não ter nada mais para fazer,
quer mudar-lhe o nome. Está olhando pelo retrovisor da História! Será que
pretende retirar o nome de Getúlio Vargas, ou Presidente Vargas, que exerceu,
verdadeiramente, o governo ditatorial, do Estado Novo, dado a inúmeras cidades,
usinas, escolas, hospitais e tantos outros logradouros públicos, no País, de
Norte a Sul? E a propósito, não reconhecem que tal ditadura de quinze anos só
teve fim, na realidade, quando do regresso vitorioso dos nossos pracinhas que
lutaram contra o nazi-fascismo no Teatro de Operações da Itália.
Agora, usando a mesma tática do grande
general francês antes mencionado, procuram separar o “Exército de hoje” do
“Exército de ontem”, fosso este que tentam cavar também nas outras Forças
Singulares. Como se iludem! As infiltrações sensíveis de antes de 1964 nelas
não se repetiram. Somos todos, da Ativa, da Reserva e Reformados, uma classe
que pensa igual, que está alerta e vigilante, que troca idéias e que quer o
progresso do País e o bem-estar do povo.
O Brasil, que nasceu sob a sombra da cruz e
que, como diz o cancioneiro popular, “é bonito por natureza e abençoado por
Deus”, será sempre uma nação cristã, fraterna e acolhedora, amante da paz,
livre e democrata. Jamais será dominada pelos comunistas, mesmo que isto custe
a vida de muitos. É o nosso compromisso!
F: General de Exército Pedro Luis de Araújo Braga
Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Militar
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