terça-feira, 12 de maio de 2009

DOPS - ARQUIVOS A DISPOSIÇÃO DE TODOS NA INTERNET


Depois de anos de silêncio arquivos do Dops vêm a público

A partir desta quarta-feira (13), documentos da extinta Delegacia de Ordem Política Social (Dops) – a força policial militar durante os anos de ditadura – poderão ser consultados via internet. Essa é uma iniciativa do Governo Federal, através do portal ‘Memórias Reveladas – Cento de Referências das Lutas Políticas No Brasil’. O lançamento do site será no palácio Itamarati, em Brasília. No Rio Grande do Norte, os documentos serão disponibilizados pelo arquivo público, cujo responsável é o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Administração e dos Recursos (Searh).

A Dops foi criada com a finalidade de manter sob controle as ações do cidadão em geral. A atividade comunista era um de seus alvos principais. Com o aumento da resistência à ditadura militar entre os anos de 1968 a 1974, a delegacia obteve maior autonomia e poder de ação. Com a democratização do país, ela foi perdendo gradativamente a função, encerrando-se assim a história de um órgão policial que exerceu as mais diversas funções e atrocidades contra os direitos humanos.

Os arquivos do Dops são constituídos por séries documentais, cada qual com sua especificidade. Essas séries são compostas por ofícios internos, relatórios, pedidos de informações, radiogramas, etc. Existem também documentos de caráter individual (fotografias, livros); prontuários e fichas; dossiês sobre eleições sindicais, movimento grevista, instituições, partidos políticos, atividades pessoais, atividades clandestinas, propaganda eleitoral, invasão de terras, ação integralista brasileira e aliança nacional libertadora, atos públicos e jornais

Até o momento, o acesso a estes documentos era somente com autorização escrita dos envolvidos, ou de seus familiares em caso de falecimento ou doença. A delegacia foi responsável pelo desaparecimento de muitos brasileiros e norte-riograndeses. Dentre eles, Luiz Ignácio Maranhão Filho.

Luiz Maranhão foi preso ilegalmente em 1974, quando exercia a função de tesoureiro do Partido Comunista Brasileiro-PCB, durante o período de repressão militar, e nunca mais apareceu. Em 1994, a esposa dele, Odette Roselli Garcia Maranhão, foi indenizada, pela União Federal, por danos morais. Durante anos, Odette procurou o marido, recorrendo a diversas pessoas e entidades, nos meios sociais, políticos, religiosos e até militares. Dentre as pessoas a quem pediu ajuda, esteve o presidente da República à época, general Ernesto Geisel, e o então bispo Dom Paulo Evaristo Arns. Mesmo assim, a certeza da morte do marido só aconteceria em 1992, após uma reportagem publicada pela revista Veja.

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