segunda-feira, 21 de outubro de 2013

BRASÍLIA - AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE PPCUB NA CÂMARA LEGISLATIVA É CERCADA DE CRÍTICAS E EMBATES

O primeiro dia de debates durante audiência pública, na Câmara Legislativa, para discutir o projeto que altera o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) foi de fortes embates entre representantes do Governo do Distrito Federal, deputados distritais e a sociedade civil, devido às polêmicas que cercam o projeto. 

Uma das oposicionistas na Casa, a deputada Liliane Roriz (PRTB) usou a tribuna para atacar as propostas, consideradas por ela verdadeiras “aberrações”. Ela elencou vários pontos que, se aprovados, podem ameaçar o tombamento de Brasília. “Percebemos que o governo de hoje, em vez de preocupar-se com o povo, com quem realmente necessita, foca seu trabalho e suas ações para beneficiar os empreiteiros e empresários que enxergam nossa cidade apenas como uma mina de ouro, e não com olhar de quem realmente mora e vive aqui”, avaliou a distrital.

“Pouca vergonha”

Entre as partes mais polêmicas do projeto, Liliane relembrou a criação da 901 Norte que, entre os problemas, poderá congestionar o já caótico trânsito da região. Para a distrital, uma das maiores anomalias da proposta é a criação de áreas comerciais, tanto no Eixo Monumental como no Setor de Garagens Oficiais Norte (SGON). “A pouca vergonha é tão grande que nem mesmo a avenida criada por Lúcio Costa, que ficou mundialmente conhecida por ajudar a dar à Brasília o formato de um avião, foi poupada por este governo”, esbravejou.´

Manifesto

Lucas Brasil, estudante da Universidade de Brasília, também reclamou do projeto. Segundo ele, há outros problemas sérios no texto, como a transformação de áreas de uso comunitário dentro de quadras residenciais em terrenos comerciais. Lucas leu um manifesto da entidade civil organizada que solicita que a tramitação do projeto seja suspensa na CLDF. A proposta foi apoiada pela maioria das pessoas presentes na audiência pública. 

CONPLAN

O PPCUB é uma lei que deverá orientar a população e o poder público com diretrizes de uso e ocupação e ações  para o resguardo dos princípios fundamentais do plano urbanístico de Brasília, cuja poligonal tombada compreende Plano Piloto, Candangolândia, Cruzeiro e Sudoeste/Áreas Octogonais.

O envio do projeto à CLDF foi aprovado pelo Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do DF (Conplan). As atividades do conselho, porém estão suspensas pela Justiça. Mesmo assim, o grupo continuou se reunindo.

Em ritmo acelerado

A deputada distrital Eliana Pedrosa (PPS) reclamou que um dos acordos firmados entre a CLDF e o Ministério Público não havia sido respeitado pelo GDF. “Acordamos a criação de um grupo de trabalho na primeira vez que este projeto foi retirado da pauta para que pudéssemos estudar o PPCUB antes que esta nova versão chegasse na Casa, o que não foi cumprido”, disse.

O secretário de Habitação, Geraldo Magela (PT), um dos autores do projeto, sustentou que o texto representa apenas o resultado de vários encontros com a comunidade. 

Ele disse acreditar que as alterações estão prontas para serem colocadas em prática, caso os deputados distritais avalizem as mudanças na área tombada. "Quando remetemos o projeto à Câmara, houve um entendimento com os presidentes de comissão de que se fará um esforço de votação até 30 de novembro."

Qualidade em risco

Para Liliane Roriz, pela complexidade do projeto, o ritmo que o GDF quer dar à tramitação pode colocar em risco a qualidade de vida de Brasília.

: : FJornaldeBrasilia

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