quarta-feira, 16 de outubro de 2013

CAÇADOR DE RESIDÊNCIA

Na boca da noite, na soleira da porta Manelzinho conta suas istórias

Manelzinho e caça de 77 kg
"Manelzinho das bandas de Pixoré sempre dizia, quando ficar idoso vou morar próximo a Aba da serra de Santana para realizar minhas últimas caçadas. Aos 48 anos realizou o seu sonho. A nova morada preenchia os requisitos, tendo ao redor as várzeas, encostas, ariscos e caatingas, uma região isolada, perfeita e de muitas caças. Mocós, preás, seriemas, verdadeiros e até jacús nos meses de inverno vinham beber nos grandes barreiros. Certa tarde fumava seu brejeiro na latada de sua casinha simples se preparando para uma saída com a espingarda de soca para garantir a mistura do almoço do dia seguinte. A vista corria pelas encostas já programando qual seria o itinerário, quando avistou algo estranho se mexendo. Na ponta do serrote comprido distante a uns 400 metros alguma coisa estava lá e era caça grande. Logo pensou, animal daquele lado não tinha. Logo em seguida, quase convencido por estar a coisa cinza, paradinha, imóvel, imaginou: deveria ser uma pedra cinza, refletindo ilusão de ótica, como diz os dotô. Rapidamente, noutro reflexo visual constatou: a pedra voltou a se mexer e novamente ficou parada, paradinha. Desta vez ele tinha certeza do que viu. Era alguma coisa viva. Pegou a espingarda chamou o companheiro Rompe Ferro, viralata que só faltava falar e tomou rumo ao local pelas escondidas. Ao aproximar-se, o susto foi grande, Rompe Ferro que ia a poucos metros a frente voltava em disparada, grunindo de medo parecendo ouvir tiros de foguetão. Em posição de tiro o bicho vinha a seu encontro, apontou na cabeça e apertou no gatilho. Passando ao lado como se fosse um grande balão de São João, a bola rolou mais de 100 metros. Era um Peba e com o tiro certeiro ficou sem aquela cabecinha. Foi carne muita e mistura pra lá de metros que chegou até o mês de Santana". Disse Manelzinho.

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