domingo, 19 de setembro de 2010

E ASSIM CAMINHA A POLÍTICA BRASILEIRA

E assim caminha a política brasileira

A candidatura do palhaço Tiririca à Câmara dos Deputados gerou uma reação em cadeia dos pesudointelectuais acerca do risco que esse tipo de candidato gera ao processo democrático, principalmente diante da possibilidade de eleição do humorista.

A crítica é alicerçada em duas ‘verdades’ ditas pelo candidato na propaganda eleitoral: nem ele nem o eleitor sabem “o que faz um deputado federal” e, com ele, “pior do que tá não fica”.

Os que levantaram a voz ou a pena para criticar a campanha/piada do candidato do PR pouco têm falado contra um sem-número de deputados que nunca honraram o cargo em Brasília, nos Estados e nos municípios. Que mal pode representar a eleição de uma pessoa que diz estar na disputa depois de consultar a mãe e receber o incentivo sob o pretexto de poder (eleito) ajudar as pessoas? Não é isso que fazem os ‘donos de Ongs’?

Quem pode ser mais nocivo à sociedade: um palhaço-deputado ou os deputados que aceitaram a propina do mensalão? Um humorista é uma ameaça maior à democracia do que as centenas de parlamentares que se alinham com quem está no poder em busca de benefícios pessoais, como faz a maioria no Congresso Nacional, nas assembléias legislativas e nas câmaras municipais? É mais bem empregado o dinheiro que banca um senador que, imbuído de um cargo de presidente de uma CPI, trabalha para abafar qualquer suspeita de roubalheira do erário?

A candidatura de Titirica faz parte do jogo político brasileiro em que o eleitor é tratado como imbecil. A entrada na disputa não foi iniciativa do palhaço, mas da própria direção do PR de São Paulo, que o convidou, por avaliar que ele captaria votos daqueles que perderam o respeito pelos políticos brasileiros e podem descarregar sua indignação num ‘voto de protesto’.

Se eleito, não vejo que será pior do que 90% dos parlamentares brasileiros. Esse é o percentual dos que usam o cargo como moeda de troca. Nunca falam, mas têm as mesmas regalias dos 10% que trabalham, e são sempre acionados, mediante vantagens pessoais, quando há votação de projeto de interesse dos poderes constituídos ou de algum segmento do setor privado.

Esse tipo de candidatura deveria servir, ao menos, para um debate mais amplo sobre o papel dos partidos e o fim do voto obrigatório. O Brasil só mantém a obrigatoriedade do voto porque os políticos desconfiam do eleitor. Sem o voto facultativo, a democracia brasileira vai continuar engatinhando.

Fonte: Artigo enviado por Aurisson Matos

Nota do Blog:
Aurisson Matos foi o titular do site "santanadagente.com" que marcou o início da Blogosfera em Santana do Matos, atualmente desativado. Seus textos definem um estilo próprio, redação solta, objetiva e de bom conteúdo com destaques pela sensibilidade e análise nas áreas política, social e esportiva.

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