Rio de Janeiro - Não tenho nada contra o PT nem contra qualquer outro partido. Tinha até mesmo alguma simpatia pela imagem que ele criara, pelas intenções e posições que tomava, sob a liderança de um homem excepcional como Lula. No entanto é com certo pesar que vejo a sua lenta, mas progressiva deterioração política e moral - que, de alguma forma, afetará o seu patrimônio eleitoral.
Não há dúvida de que o partido ficou seriamente comprometido com o mensalão. Independentemente da decisão final do Supremo, suas entranhas ficaram escancaradas, revelando que em nada se difere dos demais partidos.
Como se não bastassem os recursos ilícitos que empregava para se manter e ajudar seus aliados, dona Dilma deu agora mais uma demonstração de que o PT se utiliza do poder para obter vantagens que, embora lícitas do ponto de vista administrativo, resvalam no mais escrachado fisiologismo.
Para atingir um alvo relativamente secundário, como a Prefeitura de São Paulo, a presidente demitiu Ana de Hollanda do Ministério da Cultura, nomeando uma petista de alto e valioso coturno, como Marta Suplicy, ajudando o candidato petista - que, mesmo com a colaboração integral e entusiástica de Lula, continua até agora patinando nas pesquisas eleitorais.
A mudança naquele ministério não tem outro significado senão o mais baixo estágio da política. Nem vem ao caso discutir a eficiência da ministra demitida nem as qualidades da nova titular.
Na reta final da campanha, dona Dilma apelou para a caneta presidencial e modificou o ministério que ela livremente escolheu, dando ao partido uma boca de fogo melhor comprometida com a realidade política e administrativa da capital paulista. Uma jogada que nada teve de brilhante ou necessária.
F: Folha de São Paulo
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