Vésperas do Natal, lembranças aflorando, vontade de rever amigos que fomos encontrando através dos anos. Amigos do Tirol, de quando moramos na Alberto Maranhão, em frente ao sítio onde hoje é o condomínio Jardim Tirol; da Praça Augusto Leite; do Externato Saturnino, onde fizemos o Admissão ao Ginásio em 1966; do Grupo Escolar Monsenhor Calazans Pinheiro, onde estudei em 1965; do Grupo Áurea Barros, do meu primário, em 1963/64, da Escola Industrial Federal do Rio Grande do Norte, onde estudamos de 1967 a 1970; da avenida Rafael Fernandes, onde moramos desde o tempo que se chamava Campo Santo, de 1965 a 1972; e de tantos outros lugares onde vivi, estudei, trabalhei.
Entre tantos, lembrei de um amigo cuja última vez que encontrei faz muitos anos, tocava num evento da Igreja do Candelária. Aí recorri à Internet, para reencontrá-lo. Ademaci Barbosa, músico, com dedicação extrema ao seu trabalho, à sua família e às comunidades, um missionário. Sempre conversamos muito, mas a geografia da cidade findou fazendo com que passássemos a nos encontrar muito esporadicamente. A Internet, no entanto, proporciona também a possibilidade de obtermos mais informações sobre as pessoas que se dispõem a divulgá-las. Assim fiquei sabendo que Ademaci nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais e aos quatro anos veio para o Rio Grande do Norte, terra dos seus pais.
Morou na rua Benjamim Constrant, exatamente no período em que nos conhecemos, na convivência com o Professor Saturnino que, além de ensinar as matérias mostrava as atualidades nas revistas e jornais que sempre conduzia. Lembro dele também como marinheiro, que foi. Depois o encontrei como funcionário da EMSERV (Empresa de Serviços de Vigilância), em serviços administrativos. A EMSERV funcionava onde hoje é a Delegacia Regional do Trabalho e onde eu também trabalhava, coincidentemente, no escritório do Dr. Paulo Viveiros.
Em sua atividade artística, naquele tempo o meu amigo já procurava divulgar seu trabalho como compositor e foi até o Rio de Janeiro, mostrando suas músicas nas igrejas. Chegou a encontrar com Roberto Carlos, a quem entregou em mãos algumas de suas composições românticas. Fez na época um concurso do Bandern, passou e logo foi chamado para trabalhar na agencia de Patú, onde ficou três anos também trabalhando na igreja e fazendo missões nos povoados, sítio e fazendas. Depois foi transferido Macau onde também desenvolveu intensa atividade musical. Depois foi transferido para agencia de São Tomé, Ceará-Mirim (lembro que me chamou uma vez para ser jurado em um programa de auditório que promoveu no Ginásio Esportivo) e, finalmente, Natal.
Está também na Internet que Ademaci deixou o BANDERN para viver dedicado à fé, à música e às missões, formando a banda Arco-Ìris. Irrequieto, fez concurso para professor do estado, passou e foi lotado na escola Isabel Gondim, para lecionar Química, Educação Artística e Matemática. Na paróquia sagrada família ele assumiu as missas com a Pastoral da Música, dando aulas de música e cultivando grande amizade com o padre Campos, também compositor. Ele introduziu nas igrejas os ritmos dos instrumentos e teclado, onde antes só se usava órgão.
Quanta informação, não? E tem muito mais, se continuarmos a busca, o suficiente para entender melhor o ser humano humilde e digno com quem convivi naquele período de escola primária e anos vibrantes da adolescência. Tratou-se de uma leitura muito emocionante, rever as fotos e encontrar informações sobre o amigo de tantos momentos. Naturalmente fui buscar a forma de reencontrar pessoalmente aquele amigo. Ao final, o mais surpreendente e chocante: Ademaci Barbosa de Moura, que nasceu em 1951, morreu em março de 2006. Senti, então, uma sensação de perda muito grande; é como se tivesse perdido um irmão.
Walter Medeiros
Jornalista
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