O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse acreditar na participação de
policiais militares grevistas em homicídios e saques ocorridos em
Salvador nas últimas horas. Desde terça-feira, o Estado sofre com a
paralisação parcial da Polícia Militar.
"Parte dos crimes pode ser parte da operação montada, da tentativa de criar um clima de desespero na população para fazer o governo sucumbir, uma tentativa de guerra psicológica, como ocorreu recentemente em outros Estados, como o Maranhão e o Ceará", disse o governador, na manhã de hoje. "Não tenho dúvida que parte de tudo isso é cometido por ordem dos criminosos que se autointitulam líderes do movimento."
O governador também negou a possibilidade de anistia dos policiais militares que tiverem cometido atos de vandalismo ou violência durante a paralisação. A anistia é um dos itens da pauta de reivindicações tanto dos PMs grevistas (cerca de um terço da corporação, de 32 mil homens), quanto dos que continuam trabalhando. "Não existe essa possibilidade, não vejo como anistiar, perdoar, o que quer que seja", disse. "Isso seria como eu dizer a outros criminosos que amanhã ele pode ser anistiado."
O governador voltou a dizer, sem citar nomes, que a Justiça baiana já expediu mandados de prisão para 12 lideranças da greve - e que outros quatro já foram pedidos. "Tenho certeza que a determinação judicial será cumprida", afirmou.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), houve redução no registro de crimes ocorridos na região metropolitana de Salvador na madrugada de hoje em comparação com a madrugada anterior. O número de homicídios, que havia sido de 18 entre a meia-noite e as 7 horas de ontem, caiu para um na madrugada de hoje, segundo o primeiro balanço disponibilizado pela SSP. O corpo de um homem, ainda não identificado, foi localizado no bairro periférico de Canabrava.
Ontem, o último balanço da SSP na região metropolitana registrou 28 homicídios, dos quais 21 em Salvador - cidade que registrou, no ano passado, média de 4,2 assassinatos diários.
Arrombamentos e saques
No interior da Bahia, foram registrados ataques a tiros contra estabelecimentos comerciais em cidades como Paulo Afonso, no norte do Estado, e Barreiras, no extremo oeste. Nos dois municípios, todos os PMs aderiram à greve em assembleias realizadas na noite de ontem.
Em Barreiras, por exemplo, duas agências bancárias, uma loja de roupas, uma clínica médica e a sede da TV Oeste, afiliada da Rede Globo, foram atingidas por tiros. Não houve feridos ou saques, segundo a SSP.
Vitória da Conquista, no sul do Estado, também registrou estabelecimentos danificados por ação de vândalos. Lojas do centro da cidade e uma agência bancária tiveram as portas quebradas por pedras. Em Feira de Santana, segundo maior município do Estado, foram registrados três homicídios e, em Itabuna, um.
F: O estadão
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