Lula
acusou o governo da Bahia de ter provocado saques, arrastões e outros
formas de violência, durante a greve da Polícia Militar, para que os
líderes do movimento suspendessem a paralisação. “Acho que, no caso da
Bahia, o próprio governo articulou os chamados arrastões para criar
pânico na sociedade. Veja, o que o governo tentou vender? A impressão
que passava era de que, se não houvesse policial na rua, todo o baiano
era bandido”. Segundo o chefe do PT, nenhuma greve pode ser considerada
ilegal. “‘A Polícia Militar pode fazer greve”, afirmou. “Minha tese é
de que todas as categorias de trabalhadores que são consideradas
atividades essenciais só podem ser proibidas de fazer greve se tiverem
também salário essencial. Se considero a atividade essencial, mas pago
salário micho, esse cidadão tem direito a fazer greve. Na Suécia, até o
Exército pode fazer greve fora da época de guerra.”
O parágrafo acima foi extraído sem retoques de uma reportagem
publicada em 26 de julho de 2001 pela Agência Folha, quando o palanque
itinerante passou pela cidade gaúcha de Santa Maria. Entrevistado pelos
jornalistas Luiz Francisco e Léo Gerchmann, fez declarações que não
perdem o prazo de validade. Se valiam para o então governador César
Borges, então no PFL, valem para o companheiro Jaques Wagner. É ele o
culpado por tudo. Pelo menos na opinião de Lula.
Em 2001, o então deputado Jaques Wagner não só endossou o palavrório
do chefe como resolveu nomear-se PM honorário, ajudando os grevistas com
dinheiro e discursos. Neste fim de semana, Wagner mostrou que a cabeça
do governador não tem parentesco com a do parlamentar. Passados dez anos
e meio, mudou de pista bruscamente. Ele agora acha que é a PM que está
por trás da onda de homicídios, saques e atentados que varre as
principais cidades da Bahia.
“Não tenho dúvida de que parte disso é cometido por ordem dos
criminosos que se autointitulam líderes do movimento”, descobriu o
detetive de chanchada. “É uma tentativa de criar desespero na população
para fazer o governo sucumbir, uma tentativa de guerra psicológica”.
Conjugados, os falatórios do ex-presidente e do governador informam que a
culpa muda de lado conforme a situação do PT. Se o partido está na
oposição, a culpa é do governador adversário. Se está no poder, é dos
grevistas. Lula e Wagner merecem lugares cativos na confraria dos
campeões do oportunismo irresponsável.
F:veja.com.br
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