sexta-feira, 17 de junho de 2011

ESTUDANTES DO RN ESTÃO HÁ NOVE DIAS ACAMPADOS NA CÂMARA

"Desde o início estivemos preparados para a hora que a Polícia chegar aqui", conta o estudante de Direito Hélio Miguel.

Há nove dias, estudantes universitários ocupam o pátio da Câmara Municipal de Natal, no Rio Grande do Norte. O movimento que pede o impeachment da prefeita Micarla de Sousa (PV) começou pelas redes sociais e ganhou apoio de sindicatos que estão em greve na capital, como o dos professores estaduais.

 Atualmente cerca de 80 estudantes de diferentes cursos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte até dormem no local, que ganhou o nome de Acampamento Primavera sem Borboleta. "Mas, durante o dia, nas assembleias, chega a ter 700 pessoas", conta o advogado Daniel Pessoa, que representa os acampados.

Em tempos de Primavera Árabe e de agitações na espanhola Porta do Sol, os estudantes encontram uma resistência de forças bem mais típicas brasileiras: as da burocracia. Depois de um mandado de segurança e de pedidos de desocupação emitidos pela Justiça local, conquistaram, nesta quarta-feira (15), um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça.

"Desde o início estivemos preparados para a hora que a Polícia chegar aqui", conta o estudante de Direito Hélio Miguel. "Vamos fazer uma resistência pacífica, sentaremos no chão como uma mostra de que repudiamos a intransigência com que as autoridades têm lidado com o movimento".

Desde sexta-feira (10), a Câmara inteira está sem internet, conta Miguel, numa tentativa de reprimir a ação dos manifestantes pelas redes sociais. No Twitter, a hashtag #ForaMicarla é usada para divulgar as ações do grupo.
- Também cortaram nossa água e, por duas vezes, nos trancaram lá dentro, o que configura cárcere privado - acusa o estudante.

Acusações de corrupção
O movimento começou depois de três marchas de protesto estimuladas por suspeitas de corrupção na prefeitura. Os manifestantes pedem a instauração de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara para investigar a dispensa de licitação em aluguéis de escritórios pela administração de Natal. A CEI é uma espécie de CPI municipal.

Na sexta-feira (10), o presidente da Câmara Municipal, Edivan Martins, do PV - mesmo partido da prefeita -, extinguiu o pedido de abertura da CEI. Os estudantes, acampados nos três dias anteriores, haviam negociado a saída, mas decidiram permanecer até que a Comissão fosse instaurada.

"O nosso desejo não é ficar aqui, é sair para as ruas", completa Miguel. "Mas não faremos isso enquanto não tivermos a CEI".

Segundo o advogado Pessoa, a prefeitura já dispõe de uma ação de reintegração de posse, que obrigaria os estudantes a deixarem o espaço. Nesta quinta-feira (16), vereadores estão reunidos para decidir qual seria o impacto político do uso desse instrumento. Os acampados não sabem até quando a primavera potiguar pode durar.
F: AssComRN

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