FOLHA DE S.PAULO
Dilma ouvirá Lula antes de decidir futuro de Palocci
A presidente Dilma Rousseff vai consultar a opinião de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e de outros aliados antes de decidir se demite ou mantém o ministro Antonio Palocci na chefia da Casa Civil. Lula chegou na sexta-feira ao Brasil, depois de uma viagem a Cuba e à Venezuela. Ele e Dilma tinham combinado conversar durante o fim de semana, algo que tem se tornado rotineiro.
No Palácio do Planalto, a avaliação geral é que as entrevistas de Palocci à Folha e ao "Jornal Nacional", da TV Globo, foram dadas tarde demais. Por essa razão, o impacto seria insuficiente para debelar a crise política que se formou no governo nas últimas três semanas. A Folha revelou em 15 de maio que Palocci multiplicou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos. Em 2010, ele faturou R$ 20 milhões com uma empresa de consultoria, a Projeto. O ministro se recusa a revelar a identidade de seus clientes e detalhes sobre os serviços que prestava.
Nas entrevistas concedidas anteontem, Palocci manteve a mesma estratégia. Reafirmou ter pagado todos os impostos e disse que nunca operou de maneira ilegal em favor de interesses privados junto ao governo. Na noite de sexta-feira, Palocci conversou brevemente com a presidente sobre o conteúdo das entrevistas. Ontem, o ministro estava em São Paulo, onde vive.
A presidente ficou satisfeita com o fato de Palocci ter deixado claro na entrevista à Folha que ela não foi informada de detalhes sobre suas atividades como consultor de empresas. O temor do governo é que a crise política se alastre e passe a corroer a imagem de Dilma. "Deveria ter feito isso [dado entrevistas] antes, talvez já teríamos virado essa página", disse o secretário de Comunicação do PT, André Vargas (PR). Para ele, "a oposição é insaciável".
Os proprietários do apartamento que o ministro Antonio Palocci aluga em São Paulo disseram à Folha que a empresa em nome da qual o imóvel foi registrado não é administrada por laranjas. O comerciante Gesmo Siqueira dos Santos, um dos donos do apartamento, disse que transferiu a empresa para seu filho e um sobrinho para evitar que seus problemas financeiros contaminassem seus negócios.
Em nota, a Casa Civil informou que Palocci tratou do aluguel do apartamento com imobiliárias e nunca teve contato com os proprietários do imóvel. À revista "Veja" o sobrinho de Santos, Dayvini Costa Nunes, disse que era um laranja e que não conhecia o apartamento.
Escândalo aborta plano eleitoral de Palocci para 2014
"Era só o que faltava. Não bastassem os ataques da oposição, agora o tiro de canhão veio de dentro do próprio governo", relatou Antonio Palocci em livro. A frase é de 2006, mas poderia ser facilmente reeditada hoje. Na época, o então ministro da Fazenda estava cotado para suceder a Lula em 2010, mas viu os planos serem dinamitados por um caseiro de Brasília. Narrou sua queda no livro "Sobre Formigas e Cigarras" (ed. Objetiva), publicado no ano seguinte à sua renúncia. Palocci pavimentou o caminho de volta ao poder com a bênção de Lula, tornando-se o principal coordenador da campanha de Dilma. Com a vitória, reabilitou-se assumindo a gerência política e administrativa do governo.
Novo golpe veio em 15 de maio, quando a Folha revelou que seu patrimônio se multiplicou por 20 vezes nos últimos quatro anos, quando era deputado federal. Dias depois, a Folha revelou também que a empresa do ministro da Casa Civil, a Projeto, faturou R$ 20 milhões no ano eleitoral de 2010, prestando serviços de consultoria. Os clientes e os valores não foram revelados nas entrevistas que concedeu anteontem.
Sem conseguir dissipar as suspeitas sobre seus negócios, o ministro perdeu apoio entre petistas e viu ruir, pela segunda vez, seus planos eleitorais. Caso fizesse uma boa gestão na Casa Civil, o ex-prefeito de Ribeirão Preto estaria cacifado para tentar o governo paulista, com sob o comando do PSDB há 16 anos. Apesar da resistência no PT, Palocci contava com o apoio decisivo de Lula, que via nele o perfil ideal para que o partido conquistasse o eleitorado de classe média.
Mercado passa ao largo da crise política
Às oito e vinte da manhã da última sexta-feira, o taxista comenta a notícia que se repetia no rádio: "Será que ele vai conseguir se explicar?" O motorista se referia ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que falaria pela primeira vez sobre o aumento de seu patrimônio. Cerca de quinze minutos depois começa uma reunião de economistas numa corretora de valores. O clima é outro. "E o Palocci?", questiona uma economista, já quase no fim da reunião. O debate é rápido e se encerra com a impressão dos analistas de que, numa eventual queda do ministro, "a bolsa cai pontualmente e há alguma inclinação dos juros [alta projetada para a taxa, no jargão financeiro]". Na prática, uma reação pessimista pequena e breve.
A previsão descrita é bem diferente daquela que, há quase uma década, assombrou petistas. A vantagem de Lula nas pesquisas em 2002 provocou a disparada do dólar, as bolsas despencaram e os investimentos estrangeiros revoaram. O medo de reações negativas do mercado financeiro passou a ser mais um risco a ser calculado pelos políticos. Desde então, dois ministros importantes perderam o cargo: José Dirceu, da Casa Civil, em 2005, e Antonio Palocci, da Fazenda, em 2006.
Em ambos os casos, o mercado tremeu. Na substituição de Palocci pelo atual titular, Guido Mantega, temeu-se uma radicalização à esquerda e perda de poder do Banco Central. No segundo mandato de Lula, o país cresceu mais e com menos inflação do que nos primeiros anos. O comportamento das cotações, desde que a atual crise política se instalou, indica que o enfraquecimento de Palocci (ou até a sua saída) não abalam mais o mercado. Justo ele, que até há poucos meses era tido como o fiador de uma política fiscal austera do governo Dilma Rousseff.
Gastos públicos com consultorias chegam a R$ 2 bilhões ao ano
A expansão de obras e outros investimentos promovida pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) multiplicou nos últimos anos o volume de dinheiro público destinado à contratação de serviços de consultoria. Juntos, União, Estados e municípios injetam nesse mercado cerca de R$ 2 bilhões anuais em recursos originários da arrecadação de impostos, sem considerar os gastos com receita própria das empresas estatais.
A quantia equivale a cem vezes o faturamento da empresa Projeto, do ministro Antonio Palocci (Casa Civil), no ano passado, de R$ 20 milhões, conforme os dados revelados pela Folha. O governo federal responde pela maior parte da escalada recente dessa modalidade de despesa. Se em 2006, antes do PAC, as verbas para consultorias ficaram pouco acima dos R$ 200 milhões, no ano passado se aproximaram dos R$ 600 milhões. Descontada a inflação, o aumento foi de 129%.
Senadores afrouxam fiscalização de gastos
O Senado publicou na noite de anteontem um ato que isenta a Casa de avaliar a legalidade das notas fiscais apresentadas pelos congressistas para obter o ressarcimento dos valores gastos com a verba para despesas nos Estados. O mesmo ato incorpora a cota de passagens aéreas dos 81 senadores à verba indenizatória de R$ 15 mil.
De acordo com o artigo 5º, "o exame da documentação apresentada restringe-se exclusivamente aos aspectos relativos à regularidade fiscal e contábil, não compreendendo qualquer avaliação quanto à observância de normas eleitorais, tipicidade ou ilicitude". A Folha não conseguiu localizar o primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), responsável pelo ato, para comentar a medida.
Após receber alta, Lobão Filho voltará ao Senado na terça
Vítima de um acidente de carro no início do mês e após ficar 21 dias internado, o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), 46, deve voltar ao trabalho na semana que vem. Ele recebeu alta hospitalar na última quinta-feira. Segundo sua assessoria de imprensa, ele deve participar da reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, marcada para a próxima terça.
De CelsoFurtado@org para Palocci@com (trecho de artigo de Elio Gaspari)
Sua geração leu meu livro "Formação Econômica do Brasil" procurando entender nosso país, pensando em mudá-lo para melhor. Não creio que meus leitores buscassem lições para enriquecer. Seria perda de tempo.
Havia neles uma mistura de fé na nossa gente e até de solidariedade pela fantasia desfeita de um economista que foi do Ministério do Planejamento, em 1962, ao desterro voluntário, dois anos depois. Escrevo-lhe para pedir que tire das costas do governo a carga de problemas que são seus, derivados daquilo que chamei, referindo-me ao Roberto Campos, de "temperamento concupiscente".
A cobiça por bens materiais é coisa natural. Quando ela se mistura com biografias públicas, é comum que surjam conflitos políticos. Vivi 84 anos, fui ministro de dois governos e embaixador na Comunidade Europeia, publiquei cerca de 50 livros, um deles com 34 edições. Nunca me faltou o necessário.
Acusaram-me de muita coisa, jamais de ter comprado um par de meias sem que pudesse tornar pública a origem dos recursos. Morri num apartamento de Copacabana, com padrão suficiente para meus hábitos, bastante inferior ao que o senhor comprou por R$ 6,6 milhões. (Jantei outro dia com os ex-ministros Roberto Campos, Eugênio Gudin e Octavio Gouvêa de Bulhões. O Campos, com sua corrosiva maledicência, disse que as moradias dos comensais, somadas, não cobrem o preço da sua.)
Garotinho diz que teve carro atingido por dois tiros no RJ
O deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) afirmou em seu site que seu carro foi atingido por dois tiros anteontem à noite, quando ele saía de de um evento do partido em Cabo Frio, no litoral fluminense. Ninguém ficou ferido. "Graças a Deus estou bem. Não quero nenhuma especulação política sobre esse caso. Se foi tentativa de assalto ou outro tipo de crime, não me cabe especular. Cabe à polícia investigar", escreveu o ex-governador do RJ em seu site. Segundo Garotinho, os disparos atingiram a lataria. A reportagem não conseguiu localizar o político para comentar o assunto.
Justiça pode retomar 7.000 lotes no PA
Cerca de 7.000 lotes em 44 assentamentos do sudeste do Pará apresentam indícios de irregularidades e poderão ser retomados pela Justiça, segundo estimativa feita pela superintendência regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Marabá (PA). O número representa cerca de um terço do total de terras a serem inspecionadas pelo órgão nos próximos meses na área de conflito.
Entre as possíveis irregularidades que serão investigadas estariam a venda ilegal de terras e a ocupação de áreas da reforma agrária por "laranjas" a serviço de madeireiros ou fazendeiros. Palco de massacres como o de Eldorado do Carajás, que resultou na morte de 19 sem-terra em 1996, o sudeste do Pará é uma das regiões mais violentas do país. No ano passado, registrou 14 das 18 mortes no campo ocorridas no Estado. Nas últimas duas semanas, mais quatro agricultores morreram na área, entre eles os líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados em uma emboscada.
Ibama já aplicou R$ 1 milhão em multas no Estado
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) fechou cinco madeireiras em Nova Ipixuna e aplicou cerca de R$ 1 milhão em multas na primeira semana de ações contra crimes ambientais na região. As operações no município da região sudeste do Pará foram deflagradas depois da morte dos líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em 24 de maio. Segundo o órgão, tratores encontrados em área desmatada e dois caminhões usados no transporte de carvão também foram apreendidos. O Ibama informou ainda que vai solicitar o cancelamento das licenças ambientais estaduais concedidas a 12 empresas do ramo que funcionam no município.
O ESTADO DE S. PAULO
Em nota, a Casa Civil informou que Palocci tratou do aluguel do apartamento com imobiliárias e nunca teve contato com os proprietários do imóvel. À revista "Veja" o sobrinho de Santos, Dayvini Costa Nunes, disse que era um laranja e que não conhecia o apartamento.
Escândalo aborta plano eleitoral de Palocci para 2014
"Era só o que faltava. Não bastassem os ataques da oposição, agora o tiro de canhão veio de dentro do próprio governo", relatou Antonio Palocci em livro. A frase é de 2006, mas poderia ser facilmente reeditada hoje. Na época, o então ministro da Fazenda estava cotado para suceder a Lula em 2010, mas viu os planos serem dinamitados por um caseiro de Brasília. Narrou sua queda no livro "Sobre Formigas e Cigarras" (ed. Objetiva), publicado no ano seguinte à sua renúncia. Palocci pavimentou o caminho de volta ao poder com a bênção de Lula, tornando-se o principal coordenador da campanha de Dilma. Com a vitória, reabilitou-se assumindo a gerência política e administrativa do governo.
Novo golpe veio em 15 de maio, quando a Folha revelou que seu patrimônio se multiplicou por 20 vezes nos últimos quatro anos, quando era deputado federal. Dias depois, a Folha revelou também que a empresa do ministro da Casa Civil, a Projeto, faturou R$ 20 milhões no ano eleitoral de 2010, prestando serviços de consultoria. Os clientes e os valores não foram revelados nas entrevistas que concedeu anteontem.
Sem conseguir dissipar as suspeitas sobre seus negócios, o ministro perdeu apoio entre petistas e viu ruir, pela segunda vez, seus planos eleitorais. Caso fizesse uma boa gestão na Casa Civil, o ex-prefeito de Ribeirão Preto estaria cacifado para tentar o governo paulista, com sob o comando do PSDB há 16 anos. Apesar da resistência no PT, Palocci contava com o apoio decisivo de Lula, que via nele o perfil ideal para que o partido conquistasse o eleitorado de classe média.
Mercado passa ao largo da crise política
Às oito e vinte da manhã da última sexta-feira, o taxista comenta a notícia que se repetia no rádio: "Será que ele vai conseguir se explicar?" O motorista se referia ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que falaria pela primeira vez sobre o aumento de seu patrimônio. Cerca de quinze minutos depois começa uma reunião de economistas numa corretora de valores. O clima é outro. "E o Palocci?", questiona uma economista, já quase no fim da reunião. O debate é rápido e se encerra com a impressão dos analistas de que, numa eventual queda do ministro, "a bolsa cai pontualmente e há alguma inclinação dos juros [alta projetada para a taxa, no jargão financeiro]". Na prática, uma reação pessimista pequena e breve.
A previsão descrita é bem diferente daquela que, há quase uma década, assombrou petistas. A vantagem de Lula nas pesquisas em 2002 provocou a disparada do dólar, as bolsas despencaram e os investimentos estrangeiros revoaram. O medo de reações negativas do mercado financeiro passou a ser mais um risco a ser calculado pelos políticos. Desde então, dois ministros importantes perderam o cargo: José Dirceu, da Casa Civil, em 2005, e Antonio Palocci, da Fazenda, em 2006.
Em ambos os casos, o mercado tremeu. Na substituição de Palocci pelo atual titular, Guido Mantega, temeu-se uma radicalização à esquerda e perda de poder do Banco Central. No segundo mandato de Lula, o país cresceu mais e com menos inflação do que nos primeiros anos. O comportamento das cotações, desde que a atual crise política se instalou, indica que o enfraquecimento de Palocci (ou até a sua saída) não abalam mais o mercado. Justo ele, que até há poucos meses era tido como o fiador de uma política fiscal austera do governo Dilma Rousseff.
Gastos públicos com consultorias chegam a R$ 2 bilhões ao ano
A expansão de obras e outros investimentos promovida pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) multiplicou nos últimos anos o volume de dinheiro público destinado à contratação de serviços de consultoria. Juntos, União, Estados e municípios injetam nesse mercado cerca de R$ 2 bilhões anuais em recursos originários da arrecadação de impostos, sem considerar os gastos com receita própria das empresas estatais.
A quantia equivale a cem vezes o faturamento da empresa Projeto, do ministro Antonio Palocci (Casa Civil), no ano passado, de R$ 20 milhões, conforme os dados revelados pela Folha. O governo federal responde pela maior parte da escalada recente dessa modalidade de despesa. Se em 2006, antes do PAC, as verbas para consultorias ficaram pouco acima dos R$ 200 milhões, no ano passado se aproximaram dos R$ 600 milhões. Descontada a inflação, o aumento foi de 129%.
Senadores afrouxam fiscalização de gastos
O Senado publicou na noite de anteontem um ato que isenta a Casa de avaliar a legalidade das notas fiscais apresentadas pelos congressistas para obter o ressarcimento dos valores gastos com a verba para despesas nos Estados. O mesmo ato incorpora a cota de passagens aéreas dos 81 senadores à verba indenizatória de R$ 15 mil.
De acordo com o artigo 5º, "o exame da documentação apresentada restringe-se exclusivamente aos aspectos relativos à regularidade fiscal e contábil, não compreendendo qualquer avaliação quanto à observância de normas eleitorais, tipicidade ou ilicitude". A Folha não conseguiu localizar o primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), responsável pelo ato, para comentar a medida.
Após receber alta, Lobão Filho voltará ao Senado na terça
Vítima de um acidente de carro no início do mês e após ficar 21 dias internado, o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), 46, deve voltar ao trabalho na semana que vem. Ele recebeu alta hospitalar na última quinta-feira. Segundo sua assessoria de imprensa, ele deve participar da reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, marcada para a próxima terça.
De CelsoFurtado@org para Palocci@com (trecho de artigo de Elio Gaspari)
Sua geração leu meu livro "Formação Econômica do Brasil" procurando entender nosso país, pensando em mudá-lo para melhor. Não creio que meus leitores buscassem lições para enriquecer. Seria perda de tempo.
Havia neles uma mistura de fé na nossa gente e até de solidariedade pela fantasia desfeita de um economista que foi do Ministério do Planejamento, em 1962, ao desterro voluntário, dois anos depois. Escrevo-lhe para pedir que tire das costas do governo a carga de problemas que são seus, derivados daquilo que chamei, referindo-me ao Roberto Campos, de "temperamento concupiscente".
A cobiça por bens materiais é coisa natural. Quando ela se mistura com biografias públicas, é comum que surjam conflitos políticos. Vivi 84 anos, fui ministro de dois governos e embaixador na Comunidade Europeia, publiquei cerca de 50 livros, um deles com 34 edições. Nunca me faltou o necessário.
Acusaram-me de muita coisa, jamais de ter comprado um par de meias sem que pudesse tornar pública a origem dos recursos. Morri num apartamento de Copacabana, com padrão suficiente para meus hábitos, bastante inferior ao que o senhor comprou por R$ 6,6 milhões. (Jantei outro dia com os ex-ministros Roberto Campos, Eugênio Gudin e Octavio Gouvêa de Bulhões. O Campos, com sua corrosiva maledicência, disse que as moradias dos comensais, somadas, não cobrem o preço da sua.)
Garotinho diz que teve carro atingido por dois tiros no RJ
O deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) afirmou em seu site que seu carro foi atingido por dois tiros anteontem à noite, quando ele saía de de um evento do partido em Cabo Frio, no litoral fluminense. Ninguém ficou ferido. "Graças a Deus estou bem. Não quero nenhuma especulação política sobre esse caso. Se foi tentativa de assalto ou outro tipo de crime, não me cabe especular. Cabe à polícia investigar", escreveu o ex-governador do RJ em seu site. Segundo Garotinho, os disparos atingiram a lataria. A reportagem não conseguiu localizar o político para comentar o assunto.
Justiça pode retomar 7.000 lotes no PA
Cerca de 7.000 lotes em 44 assentamentos do sudeste do Pará apresentam indícios de irregularidades e poderão ser retomados pela Justiça, segundo estimativa feita pela superintendência regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Marabá (PA). O número representa cerca de um terço do total de terras a serem inspecionadas pelo órgão nos próximos meses na área de conflito.
Entre as possíveis irregularidades que serão investigadas estariam a venda ilegal de terras e a ocupação de áreas da reforma agrária por "laranjas" a serviço de madeireiros ou fazendeiros. Palco de massacres como o de Eldorado do Carajás, que resultou na morte de 19 sem-terra em 1996, o sudeste do Pará é uma das regiões mais violentas do país. No ano passado, registrou 14 das 18 mortes no campo ocorridas no Estado. Nas últimas duas semanas, mais quatro agricultores morreram na área, entre eles os líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados em uma emboscada.
Ibama já aplicou R$ 1 milhão em multas no Estado
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) fechou cinco madeireiras em Nova Ipixuna e aplicou cerca de R$ 1 milhão em multas na primeira semana de ações contra crimes ambientais na região. As operações no município da região sudeste do Pará foram deflagradas depois da morte dos líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em 24 de maio. Segundo o órgão, tratores encontrados em área desmatada e dois caminhões usados no transporte de carvão também foram apreendidos. O Ibama informou ainda que vai solicitar o cancelamento das licenças ambientais estaduais concedidas a 12 empresas do ramo que funcionam no município.
O ESTADO DE S. PAULO
Palocci não convence Dilma e fica em situação crítica após nova denúncia
A situação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, piorou muito depois da entrevista que ele concedeu ao Jornal Nacional, na sexta-feira. E se agravou ainda mais depois da divulgação, pela revista Veja, de que o apartamento de 640 metros quadrados que Palocci aluga, em São Paulo, seria de uma empresa dirigida por laranjas, um de 23 anos, outro de 17. A presidente Dilma Rousseff teve uma reação de desânimo depois de ver a entrevista, de acordo com informações de bastidores do Palácio do Planalto. E teria comentado que Palocci ficou devendo respostas a respeito da lista de clientes, que, segundo ele próprio, foram entre 20 e 25.
No Planalto já se fala que agora o governo deve entrar num clima de transição na área política. Petistas que foram à festa de filiação do deputado Gabriel Chalita ao PMDB, em São Paulo, chegaram a dizer que a situação de Palocci se tornou "insustentável". Antes mesmo da entrevista do titular da Casa Civil para esclarecer suspeitas de enriquecimento ilícito, Dilma e auxiliares mais diretos avaliavam que o ministro não conseguiria reverter a sua situação pessoal nem a de engessamento do governo.
O ministro Gilberto Carvalho, que ocupa atualmente a apagada pasta da Secretaria-Geral, vem tentando ocupar um pedaço do "vácuo" nas interlocuções do Planalto com setores da base aliada na falta de Palocci, disseram auxiliares de Dilma.
Carvalho sempre é lembrado pelo contato direto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, maior fiador de Palocci no governo. Carvalho também mantém boa relação com dirigentes do PT contrários à permanência de Palocci, que reclamam da nomeação de aliados para cargos que disputam na aliança partidária governista. A participação ativa de Carvalho na busca de saídas para a crise não se limita a negociações com petistas. Dilma encarregou o ministro de manter conversas permanentes com o vice-presidente Michel Temer e líderes do PMDB.
Apartamento alugado por Palocci está em nome de laranja, diz revista
Um dia depois de ir à TV para explicar o aumento expressivo de seu patrimônio, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, está envolvido em mais um negócio suspeito. Reportagem da revista Veja revela que o ministro mora em um apartamento alugado e avaliado em R$ 4 milhões no bairro de Moema, zona Sul de São Paulo, ao lado do Parque do Ibirapuera. Os proprietários do imóvel, no entanto, são laranjas, segundo a revista.
O apartamento pertence à Lion Franquia e Participações Ltda. Está registrado no 14º Ofício de Registro de Imóveis de São Paulo em nome de dois sócios: Dayvini Costa Nunes, que tem 99,5% das cotas, e Filipe Garcia dos Santos, com o restante (0,5%). Filipe tem 17 anos e só foi emancipado no ano passado. O sócio majoritário tem 23 anos. Representante comercial, ele mora nos fundos de um casa na periferia de Mauá, cidade do ABC. Ele trabalhou na prefeitura da cidade, que é governada por Oswaldo Dias (PT). Para a revista, ele disse que é laranja.
Segundo a revista, a Lion usou endereços falsos em suas operações nos últimos três anos. A Lion diz ter recebido o apartamento de Gesmo Siqueira dos Santos, tio de Nunes. Ele responde a 35 processos por fraudes em documentos, adulteração de combustível e sonegação fiscal. Uma empregada doméstica na casa dele, Rosailde Laranjeira da Silva, também foi usada como laranja em outras quatro empresas abertas por Siqueira Santos. O outro sócio da Lion forneceu ao cartório um endereço fictício no Paraná. A sede formal da Lion fica na cidade de Salto, a 100 km de São Paulo.
'Fogo amigo' ajuda a fragilizar ministro
De perfil tranquilo, porém soturno, como apontam os próprios petistas, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, não promove o enfrentamento político interno, mas se mostra vulnerável ao "fogo amigo". É dentro do próprio PT que estão os maiores desafetos de Palocci, situação que pode, na atual crise política, ajudar a empurrar o ministro para fora do cargo exatamente quando o Planalto avalia a repercussão das explicações fornecidas por ele na última sexta-feira.
Nestes cinco primeiros meses do governo de Dilma Rousseff, ele desagradou parte da bancada petista na Câmara, que até hoje não conseguiu emplacar seus 104 indicados para cargos de segundo escalão. Com alguns, Palocci bateu de frente. Foi o caso do ex-presidente do PT e deputado Ricardo Berzoini (SP), que perdeu posições no Banco do Brasil e na Previ – o fundo de pensão dos funcionários do banco.
Palocci é considerado eterno adversário de parlamentares paulistas que alimentam a esperança de virarem candidatos do PT ao governo de São Paulo. Até a recente crise política da qual ele é protagonista, por conta de sua evolução patrimonial, o nome do ministro era sempre lembrado para o cargo. Na lista de alguns petistas, Palocci é, inclusive, potencial candidato à Presidência em 2018. A exposição o coloca em confronto com outro peso-pesado petista, que vê Palocci como uma ameaça a pretensões eleitorais: o ex-ministro José Dirceu.
Para analistas, tendência é agravamento da crise
A entrevista dada na sexta-feira, 3, pelo chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ao Jornal Nacional da TV Globo, não bastará para dar fim à crise desencadeada pela revelação sobre a evolução do seu patrimônio, avaliam cientistas políticos. "Politicamente, ele é um fuzil queimado. A fritura do ministro agrada à oposição, ao PMDB e até mesmo a setores do PT", disse Ricardo Ismael, cientista político da PUC-Rio.
As novas denúncias divulgadas ontem pela revista Veja deverão tornar ainda mais insuficientes as justificativas apresentadas por Palocci. "Existe um episódio equívoco e que pode ser usado pela oposição justamente naquilo que tem de obscuro e pouco esclarecido", disse o professor Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), depois de assistir à entrevista do ministro. Para Reis, "a tentativa de negar que há uma crise é precária, porque é patente que o governo está desorientado e que a presidente está sujeita a chantagens".
Como ele, Ricardo Ismael prevê um agravamento da crise política. "Na verdade, a articulação política do governo está completamente comprometida", diz Ismael. "A estratégia da entrevista do ministro consistiu em dizer: ‘Estou prestando contas ao procurador-geral da República e, portanto, se ele não abrir um inquérito, caso encerrado’. Mas está na cara que o assunto não está encerrado."
Jaburu, o ninho político no meio da crise
A agenda política dos últimos dois meses revelou um novo endereço na rota do poder em Brasília: o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Desde que Michel Temer se mudou para lá, ao final de uma reforma para corrigir goteiras que se multiplicavam na estação das chuvas, o palácio, com ares de casa e jardins de Burle Marx, deixou de ser apenas ponto de passagem da Via Presidencial, rumo ao Alvorada. Foi lá que Temer reuniu os senadores independentes do PMDB, no auge da crise vivida pelo ministro Antonio Palocci, para acertar o discurso partidário antes do almoço da bancada com a presidente Dilma Rousseff, na quarta-feira passada.
Também é no Jaburu que ministros e líderes do partido se reúnem semanalmente, fazendo com que o palácio retome uma rotina movimentada – só vista no tempo em que o vice Aureliano Chaves, às turras com o general-presidente João Baptista Figueiredo, se firmou como polo de poder, já nos capítulos finais do regime militar.
Dilma não vai receber Nobel da Paz Iraniana
A presidente Dilma Rousseff decidiu não se encontrar com a advogada iraniana e Nobel da Paz Shirin Ebadi, que chega ao Brasil na terça-feira. Principal voz da oposição a Teerã no exílio, Shirin será recepcionada no Palácio do Planalto apenas pelo assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. "Se Dilma defende os direitos humanos e as mulheres, ela me receberá", insistiu a iraniana em entrevista ao Estado. O governo brasileiro, porém, acredita que receber a ativista enviaria "a mensagem errada".
A decisão do Planalto vai na contramão da mudança na diplomacia para os direitos humanos que Dilma vinha conduzindo até agora. Antes de tomar posse, a presidente criticou publicamente a abstenção do Itamaraty em uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU condenando o apedrejamento de mulheres no Irã. Dilma chamou de "ato bárbaro" a lapidação, posição reiterada em entrevista ao jornal Washington Post.
Em março, Dilma rompeu com o padrão de voto do governo Lula nas Nações Unidas e apoiou a criação de um relator especial para o Irã – sob críticas do ex-chanceler Celso Amorim. Uma semana depois, Shirin foi convidada a um jantar na embaixada do Brasil em Genebra. "Dilma recebeu a (cantora) Shakira, mas se recusa a se encontrar com uma mulher Nobel da Paz?", questiona Flávio Rassekh, representante da advogada no Brasil. "Ainda não desistimos e vamos continuar tentando organizar esse encontro."
Oficialmente, o Planalto justifica que, pelo protocolo, a presidente recebe apenas chefes de Estado e de governo. "Dependendo da agenda", ministros de países estrangeiros e outras personalidades – como, por exemplo, os integrantes do U2 – conseguiram uma audiência com Dilma.
‘Se ela apoia os direitos humanos, vai me receber’, diz iraniana
A poucos dias de aterrissar no Brasil, Shirin Ebadi diz não ter perdido ainda as esperanças de ser recebida pela presidente Dilma Rousseff – por quem guarda "grande admiração e respeito". A advogada iraniana, ganhadora do Nobel da Paz de 2003, comemora o fato de o Brasil ter levado pela primeira uma mulher ao poder e pressiona: "Se Dilma defende os direitos humanos e as mulheres, sei que ela vai me receber".
Shirin concedeu a entrevista ao Estado em farsi, através do Skype, de Londres. Em 2005, com a chegada de Mahmoud Ahmadinejad à presidência, ela viu-se obrigada a partir para o exílio. Entre as perguntas do repórter, a advogada iraniana disse ao tradutor várias vezes que teme por sua vida.
O governo brasileiro afirmou que a presidente não vai recebê-la pessoalmente. Que resposta a senhora dá à essa recusa?
Desejo e espero me encontrar pessoalmente com a presidente Dilma. Ainda tenho esperança de que isso ocorra. Guardo uma grande admiração e respeito por ela. Considero muito significativo o fato de Dilma ter sido a primeira mulher eleita presidente do Brasil. E é por isso que gostaria de me encontrar com ela. Quero, sobretudo, parabenizá-la por sua conquista.
E se a presidente não mudar de ideia e continuar a evitar um encontro com a senhora, isso significará uma derrota?
De jeito nenhum, não há derrota. Para mim, o aspecto mais importante da minha viagem ao Brasil é o encontro com grupos e pessoas organizadas que trabalham pelo bem-estar da população. Se Dilma defende os direitos humanos e os direitos das mulheres, sei que ela também vai me receber.
Visita de ativista ao Brasil irrita governo do Irã
A visita ao Brasil da iraniana ganhadora do Nobel da Paz Shirin Ebadi tem irritado o regime de Teerã. Em fevereiro, quando a viagem começou a ser divulgada, a embaixada do Irã em Brasília enviou a jornalistas e diplomatas um texto acusando a ativista de trabalhar para "potências ocidentais" contra a aproximação do Brasil com o país persa.
"Shirin Ebadi, autointitulada ativista dos direitos humanos, está tentando enfraquecer a firme política do Brasil em relação ao programa nuclear iraniano", diz o texto. "Ela provavelmente tentará se aproveitar da nova política de direitos humanos da presidente Dilma (...) e tentará convencer autoridades brasileiras a se distanciar do Irã."
Há cerca de duas semanas, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, foi recebido no Palácio do Planalto pelo assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Funcionários da presidência recusaram-se a comentar o conteúdo da conversa e não confirmaram se Shaterzadeh e Marco Aurélio discutiram a visita da advogada iraniana. O governo iraniano tem visto com apreensão os sinais de mudança na diplomacia brasileira, especialmente em relação aos direitos humanos.
Com apio de petistas, Chalita filia-se ao PMDB
Com o apoio do PT, o deputado Gabriel Chalita foi lançado pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, num movimentado arquitetado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, para aumentar o cacife do partido no maior colégio eleitoral do País. Em evento na Assembleia paulista, líderes peemedebistas enalteceram a força da legenda, que mantém uma disputa por espaço com o PT na composição do governo federal. A candidatura de Chalita, no entanto, é bem vista por setores petistas que veem nele uma possibilidade de rachar o eleitorado tucano no Estado. “Estou aqui para impedir que declarem apoio a Chalita e lancem o PT como vice”, brincou um líder petista sobre integrantes do partido apoiadores da candidatura de Chalita. O ingresso do deputado no PMDB contou com o apoio da maior parte da cúpula petista.
Entre os presentes no evento, do qual participaram mais de 500 pessoas, estava a vice-prefeita, Alda Marco Antonio. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tentou costurar o apoio do PMDB à sua sucessão, mas foi atropelado pelo grupo de Temer que tomou o controle do partido em São Paulo com a morte do ex-governador Orestes Quércia, em dezembro passado.
Pará faz da região norte a nova campeã de homicídios no país
No começo de fevereiro, o delegado Alberto Teixeira, superintendente da Polícia Civil em Marabá, no Pará, decidiu colocar todo o efetivo nas ruas. À noite, liderou um comboio de cerca de 20 carros pela cidade. No jargão local, é o que se chama de "patrulhão". A ideia era fazer uma blitz nos pontos mais notórios de tráfico de drogas. Não demorou para que o patrulhão se desmantelasse. Relatos de assassinatos cometidos por duplas em motocicletas começaram a pipocar em diferentes pontos da cidade, cortada em três setores distintos pelos Rios Tocantins e Itacaiúnas.
As equipes de policiais se dividiram para atender aos chamados. Único a percorrer todas as cenas de crimes, o delegado Teixeira contou nada menos que 13 cadáveres antes de o sol nascer. Era seu primeiro dia de trabalho na cidade.
"Foi um cartão de boas-vindas mandado pelo tráfico", disse Teixeira, especialista em combate ao crime organizado. "Em 19 anos de polícia, nunca tinha visto nada parecido", acrescentou o delegado, que há pouco mais de quatro meses trocou Belém pelo principal município do "Polígono da Violência" - região no sudeste do Pará que concentra 14 cidades com altas taxas de assassinatos (veja quadro). Graças principalmente à espiral de violência nessa área, a Região Norte ultrapassou o Nordeste e é, pela primeira vez, a campeã de homicídios no País.
Importação de produto acabado dispara
As importações de produtos acabados estão crescendo quatro vezes mais rápido que as compras de insumos e matérias-primas para as empresas produzirem no País. O câmbio valorizado encareceu a fabricação local e tornou mais rentável trazer o produto de fora. De janeiro a abril, o volume importado de bens de consumo duráveis subiu 38,9% em relação a igual período de 2010, conforme dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Já a quantidade importada de bens intermediários avançou 9,6%.
"A diferença no ritmo de crescimento demonstra que o produto importado vem substituindo o nacional", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "A classe média compra mais bens de consumo e os importados estão mais baratos por causa do câmbio", diz Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultoria.
Os consumidores optam por carros, eletrodomésticos, eletrônicos, móveis, cosméticos e até produtos de limpeza importados. Dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) apontam que o Brasil importou 9 mil toneladas de detergente de janeiro a abril, alta de 79%. "É pouco em relação ao consumo, mas temos fabricação forte no País", diz Denise Naranjo, diretora da Abiquim.
O GLOBO
Aécio defende que PSDB amplie o leque de alianças
Usando toda a mineirice que deixou de lado durante o embate travado na semana retrasada com o ex-governador José Serra pelo comando do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) hesita em cantar vitória. Diz que está na hora de os tucanos pararem de olhar para o próprio umbigo e de brigar internamente para não perderem o bonde da História.
Para começar, defende que o partido amplie seu leque de alianças junto a partidos hoje governistas, como o PSB e setores do PMDB, sem perder de vista, porém, que seu adversário principal é e continuará sendo o PT. Mesmo admitindo que não fará uma oposição como a que os petistas fizeram contra o PSDB, Aécio mostra a língua afiada ao apontar as contradições de seus adversários, como o recente anúncio das privatizações de aeroportos.
Identificado hoje como um dos nomes fortes para a disputa presidencial de 2014, Aécio não quer ainda assumir abertamente sua condição de pré-candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff. E resiste também a mudar seu estilo 'bon vivant', que o levou recentemente a ter a carteira de habilitação suspensa, após se recusar a fazer o teste do bafômetro numa blitz no Rio.
O senhor se sente vitorioso na disputa travada com o ex-governador José Serra antes da convenção do PSDB?
De forma alguma. O PSDB é que saiu vitorioso. Há uma tendência de se achar que vivo em conflito permanente com Serra. Nós somos parceiros de um grande projeto de Brasil. O que prevaleceu foi a seguinte compreensão: ou nós paramos de olhar para os nossos umbigos e passamos a compreender o Brasil com as mudanças que vêm ocorrendo ou perderemos o bonde da história.
Tiros atingem carro do ex-governador Garotinho
O ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), confirmou agora pela manhã que seu carro, um Corolla , foi alvejado por dois tiros na madrugada de [ontem], próximo a Cabo Frio, na Região dos Lagos. arotinho, que retornava do Rio, onde participou da manifestação do movimento do Corpo de Bombeiros por melhorias salariais, disse que a polícia vai investigar o caso, e que ele não tem idéia da motivação do ataque: - Não descarto nada, não vou fazer comentários hipotéticos. Minha preocupação é que se aconteceu comigo pode acontecer com outras pessoas - disse Garotinho.
'O quartel do Comando Central é um santuário da corporação', diz novo comandante do Corpo de Bombeiros
O novo comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões, nomeado no sábado após a exoneração do coronel Pedro Marcos Machado durante a crise provocada pela invasão do quartel-general da corporação por centenas de militares que exigiam melhores salários, disse que a principal preocupação é normalizar o atendimento à população.
- É o momento de tomar pé das coisas e tranquilizar a cidade - disse Simões. - Digo aos bombeiros que temos uma responsabilidade com a população. O que aconteceu nos agride - acrescentou o oficial, que foi coordenador de planejamento de segurança do Corpo de Bombeiros para o Pan de 2007. Simões também criticou a postura dos colegas manifestantes: - O quartel do Comando Central é um santuário da corporação. A invasão é inaceitável e imperdoável.
Segundo o promotor militar Leonardo Cunha, que acompanha o caso, os 439 presos responderão por três crimes: motim (de 4 a 8 anos de prisão), dano (de 1 a 6 anos) e impedimento ao socorro (3 a 6 anos), de acordo com o Código Penal Militar. Enquanto Simões garante que a normalidade será mantida, bombeiros dizem que só estão atendendo a casos de emergência extrema. Segunda-feira, os militares vão estar nos quartéis, mesmo os que estão de folga, como forma de protestar.
Impunidade agrava situação dos marcados para morrer
Viúva do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, José Dutra da Costa, o Dezinho, morto por um pistoleiro em 2000, Maria Joel Dias da Costa, de 48 anos, virou alvo de ameaças e, mesmo sob proteção, diz que tem "medo de sentar numa igreja e falar com Deus".
A sensação de insegurança é agravada pela de impunidade: apesar de condenado, o pistoleiro que matou Dezinho fugiu da cadeia, e o principal mandante ficou preso apenas por 13 dias.
Ataque de míssil mata possível sucessor de Bin Laden
"Cérebro militar" da al-Qaeda e possível sucessor de Bin Laden, Ilyas Kashmiri foi morto na noite de [ontem] no Paquistão, após um ataque de míssil realizado por tropas dos Estados Unidos, segundo a inteligência paquistanesa. As informações são da Associated Press. Militantes do grupo também confirmaram a morte do comandante. Mas, oficialmente, nem Estados Unidos nem Paquistão confirmam. O porta-voz da organização, Abu Hanzla Kashar, promete vingança:
- O opressor EUA são o nosso único objetivo. Se Deus quiser, vamos vingar (a morte de Kashmiri) em breve e com força total - disse ele. Kashmiri teria sido atingido durante reunião com outros componentes do grupo, em um pomar. Ele era considerado um dos mais perigosos integrantes do grupo radical e seu desaparecimento - apenas um mês após a morte de bin Laden - pode abalar a Al-Qaeda.
Pesquisas mostram disputa acirrada nas eleições no Peru
Na véspera do segundo turno das eleições do Peru - o pleito acontece neste domigo -, institutos de pesquisas mostram empate técnico entre os candidatos Ollanta Humala e Keiko Fujimori. Levantamento da empresa de consultoria particular Ipsos Apoyo Opinión y Mercado, feito neste sábado, põe o candidato de centro-esquerda Ollanta Humala em primeiro lugar nas intenções de voto, com 51,9%. A candidata conservadora, Keiko Fujimori, aparece com 48,1% dos votos válidos.
O instituto de pesquisa observa que 10% dos eleitores ainda estão indecisos, o que torna o desfecho imprevisível. Foram ouvidos 4 mil eleitores em 26 distritos. A margem de erro é de 1,6%, para mais ou para menos.
A situação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, piorou muito depois da entrevista que ele concedeu ao Jornal Nacional, na sexta-feira. E se agravou ainda mais depois da divulgação, pela revista Veja, de que o apartamento de 640 metros quadrados que Palocci aluga, em São Paulo, seria de uma empresa dirigida por laranjas, um de 23 anos, outro de 17. A presidente Dilma Rousseff teve uma reação de desânimo depois de ver a entrevista, de acordo com informações de bastidores do Palácio do Planalto. E teria comentado que Palocci ficou devendo respostas a respeito da lista de clientes, que, segundo ele próprio, foram entre 20 e 25.
No Planalto já se fala que agora o governo deve entrar num clima de transição na área política. Petistas que foram à festa de filiação do deputado Gabriel Chalita ao PMDB, em São Paulo, chegaram a dizer que a situação de Palocci se tornou "insustentável". Antes mesmo da entrevista do titular da Casa Civil para esclarecer suspeitas de enriquecimento ilícito, Dilma e auxiliares mais diretos avaliavam que o ministro não conseguiria reverter a sua situação pessoal nem a de engessamento do governo.
O ministro Gilberto Carvalho, que ocupa atualmente a apagada pasta da Secretaria-Geral, vem tentando ocupar um pedaço do "vácuo" nas interlocuções do Planalto com setores da base aliada na falta de Palocci, disseram auxiliares de Dilma.
Carvalho sempre é lembrado pelo contato direto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, maior fiador de Palocci no governo. Carvalho também mantém boa relação com dirigentes do PT contrários à permanência de Palocci, que reclamam da nomeação de aliados para cargos que disputam na aliança partidária governista. A participação ativa de Carvalho na busca de saídas para a crise não se limita a negociações com petistas. Dilma encarregou o ministro de manter conversas permanentes com o vice-presidente Michel Temer e líderes do PMDB.
Apartamento alugado por Palocci está em nome de laranja, diz revista
Um dia depois de ir à TV para explicar o aumento expressivo de seu patrimônio, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, está envolvido em mais um negócio suspeito. Reportagem da revista Veja revela que o ministro mora em um apartamento alugado e avaliado em R$ 4 milhões no bairro de Moema, zona Sul de São Paulo, ao lado do Parque do Ibirapuera. Os proprietários do imóvel, no entanto, são laranjas, segundo a revista.
O apartamento pertence à Lion Franquia e Participações Ltda. Está registrado no 14º Ofício de Registro de Imóveis de São Paulo em nome de dois sócios: Dayvini Costa Nunes, que tem 99,5% das cotas, e Filipe Garcia dos Santos, com o restante (0,5%). Filipe tem 17 anos e só foi emancipado no ano passado. O sócio majoritário tem 23 anos. Representante comercial, ele mora nos fundos de um casa na periferia de Mauá, cidade do ABC. Ele trabalhou na prefeitura da cidade, que é governada por Oswaldo Dias (PT). Para a revista, ele disse que é laranja.
Segundo a revista, a Lion usou endereços falsos em suas operações nos últimos três anos. A Lion diz ter recebido o apartamento de Gesmo Siqueira dos Santos, tio de Nunes. Ele responde a 35 processos por fraudes em documentos, adulteração de combustível e sonegação fiscal. Uma empregada doméstica na casa dele, Rosailde Laranjeira da Silva, também foi usada como laranja em outras quatro empresas abertas por Siqueira Santos. O outro sócio da Lion forneceu ao cartório um endereço fictício no Paraná. A sede formal da Lion fica na cidade de Salto, a 100 km de São Paulo.
'Fogo amigo' ajuda a fragilizar ministro
De perfil tranquilo, porém soturno, como apontam os próprios petistas, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, não promove o enfrentamento político interno, mas se mostra vulnerável ao "fogo amigo". É dentro do próprio PT que estão os maiores desafetos de Palocci, situação que pode, na atual crise política, ajudar a empurrar o ministro para fora do cargo exatamente quando o Planalto avalia a repercussão das explicações fornecidas por ele na última sexta-feira.
Nestes cinco primeiros meses do governo de Dilma Rousseff, ele desagradou parte da bancada petista na Câmara, que até hoje não conseguiu emplacar seus 104 indicados para cargos de segundo escalão. Com alguns, Palocci bateu de frente. Foi o caso do ex-presidente do PT e deputado Ricardo Berzoini (SP), que perdeu posições no Banco do Brasil e na Previ – o fundo de pensão dos funcionários do banco.
Palocci é considerado eterno adversário de parlamentares paulistas que alimentam a esperança de virarem candidatos do PT ao governo de São Paulo. Até a recente crise política da qual ele é protagonista, por conta de sua evolução patrimonial, o nome do ministro era sempre lembrado para o cargo. Na lista de alguns petistas, Palocci é, inclusive, potencial candidato à Presidência em 2018. A exposição o coloca em confronto com outro peso-pesado petista, que vê Palocci como uma ameaça a pretensões eleitorais: o ex-ministro José Dirceu.
Para analistas, tendência é agravamento da crise
A entrevista dada na sexta-feira, 3, pelo chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ao Jornal Nacional da TV Globo, não bastará para dar fim à crise desencadeada pela revelação sobre a evolução do seu patrimônio, avaliam cientistas políticos. "Politicamente, ele é um fuzil queimado. A fritura do ministro agrada à oposição, ao PMDB e até mesmo a setores do PT", disse Ricardo Ismael, cientista político da PUC-Rio.
As novas denúncias divulgadas ontem pela revista Veja deverão tornar ainda mais insuficientes as justificativas apresentadas por Palocci. "Existe um episódio equívoco e que pode ser usado pela oposição justamente naquilo que tem de obscuro e pouco esclarecido", disse o professor Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), depois de assistir à entrevista do ministro. Para Reis, "a tentativa de negar que há uma crise é precária, porque é patente que o governo está desorientado e que a presidente está sujeita a chantagens".
Como ele, Ricardo Ismael prevê um agravamento da crise política. "Na verdade, a articulação política do governo está completamente comprometida", diz Ismael. "A estratégia da entrevista do ministro consistiu em dizer: ‘Estou prestando contas ao procurador-geral da República e, portanto, se ele não abrir um inquérito, caso encerrado’. Mas está na cara que o assunto não está encerrado."
Jaburu, o ninho político no meio da crise
A agenda política dos últimos dois meses revelou um novo endereço na rota do poder em Brasília: o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Desde que Michel Temer se mudou para lá, ao final de uma reforma para corrigir goteiras que se multiplicavam na estação das chuvas, o palácio, com ares de casa e jardins de Burle Marx, deixou de ser apenas ponto de passagem da Via Presidencial, rumo ao Alvorada. Foi lá que Temer reuniu os senadores independentes do PMDB, no auge da crise vivida pelo ministro Antonio Palocci, para acertar o discurso partidário antes do almoço da bancada com a presidente Dilma Rousseff, na quarta-feira passada.
Também é no Jaburu que ministros e líderes do partido se reúnem semanalmente, fazendo com que o palácio retome uma rotina movimentada – só vista no tempo em que o vice Aureliano Chaves, às turras com o general-presidente João Baptista Figueiredo, se firmou como polo de poder, já nos capítulos finais do regime militar.
Dilma não vai receber Nobel da Paz Iraniana
A presidente Dilma Rousseff decidiu não se encontrar com a advogada iraniana e Nobel da Paz Shirin Ebadi, que chega ao Brasil na terça-feira. Principal voz da oposição a Teerã no exílio, Shirin será recepcionada no Palácio do Planalto apenas pelo assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. "Se Dilma defende os direitos humanos e as mulheres, ela me receberá", insistiu a iraniana em entrevista ao Estado. O governo brasileiro, porém, acredita que receber a ativista enviaria "a mensagem errada".
A decisão do Planalto vai na contramão da mudança na diplomacia para os direitos humanos que Dilma vinha conduzindo até agora. Antes de tomar posse, a presidente criticou publicamente a abstenção do Itamaraty em uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU condenando o apedrejamento de mulheres no Irã. Dilma chamou de "ato bárbaro" a lapidação, posição reiterada em entrevista ao jornal Washington Post.
Em março, Dilma rompeu com o padrão de voto do governo Lula nas Nações Unidas e apoiou a criação de um relator especial para o Irã – sob críticas do ex-chanceler Celso Amorim. Uma semana depois, Shirin foi convidada a um jantar na embaixada do Brasil em Genebra. "Dilma recebeu a (cantora) Shakira, mas se recusa a se encontrar com uma mulher Nobel da Paz?", questiona Flávio Rassekh, representante da advogada no Brasil. "Ainda não desistimos e vamos continuar tentando organizar esse encontro."
Oficialmente, o Planalto justifica que, pelo protocolo, a presidente recebe apenas chefes de Estado e de governo. "Dependendo da agenda", ministros de países estrangeiros e outras personalidades – como, por exemplo, os integrantes do U2 – conseguiram uma audiência com Dilma.
‘Se ela apoia os direitos humanos, vai me receber’, diz iraniana
A poucos dias de aterrissar no Brasil, Shirin Ebadi diz não ter perdido ainda as esperanças de ser recebida pela presidente Dilma Rousseff – por quem guarda "grande admiração e respeito". A advogada iraniana, ganhadora do Nobel da Paz de 2003, comemora o fato de o Brasil ter levado pela primeira uma mulher ao poder e pressiona: "Se Dilma defende os direitos humanos e as mulheres, sei que ela vai me receber".
Shirin concedeu a entrevista ao Estado em farsi, através do Skype, de Londres. Em 2005, com a chegada de Mahmoud Ahmadinejad à presidência, ela viu-se obrigada a partir para o exílio. Entre as perguntas do repórter, a advogada iraniana disse ao tradutor várias vezes que teme por sua vida.
O governo brasileiro afirmou que a presidente não vai recebê-la pessoalmente. Que resposta a senhora dá à essa recusa?
Desejo e espero me encontrar pessoalmente com a presidente Dilma. Ainda tenho esperança de que isso ocorra. Guardo uma grande admiração e respeito por ela. Considero muito significativo o fato de Dilma ter sido a primeira mulher eleita presidente do Brasil. E é por isso que gostaria de me encontrar com ela. Quero, sobretudo, parabenizá-la por sua conquista.
E se a presidente não mudar de ideia e continuar a evitar um encontro com a senhora, isso significará uma derrota?
De jeito nenhum, não há derrota. Para mim, o aspecto mais importante da minha viagem ao Brasil é o encontro com grupos e pessoas organizadas que trabalham pelo bem-estar da população. Se Dilma defende os direitos humanos e os direitos das mulheres, sei que ela também vai me receber.
Visita de ativista ao Brasil irrita governo do Irã
A visita ao Brasil da iraniana ganhadora do Nobel da Paz Shirin Ebadi tem irritado o regime de Teerã. Em fevereiro, quando a viagem começou a ser divulgada, a embaixada do Irã em Brasília enviou a jornalistas e diplomatas um texto acusando a ativista de trabalhar para "potências ocidentais" contra a aproximação do Brasil com o país persa.
"Shirin Ebadi, autointitulada ativista dos direitos humanos, está tentando enfraquecer a firme política do Brasil em relação ao programa nuclear iraniano", diz o texto. "Ela provavelmente tentará se aproveitar da nova política de direitos humanos da presidente Dilma (...) e tentará convencer autoridades brasileiras a se distanciar do Irã."
Há cerca de duas semanas, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, foi recebido no Palácio do Planalto pelo assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Funcionários da presidência recusaram-se a comentar o conteúdo da conversa e não confirmaram se Shaterzadeh e Marco Aurélio discutiram a visita da advogada iraniana. O governo iraniano tem visto com apreensão os sinais de mudança na diplomacia brasileira, especialmente em relação aos direitos humanos.
Com apio de petistas, Chalita filia-se ao PMDB
Com o apoio do PT, o deputado Gabriel Chalita foi lançado pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, num movimentado arquitetado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, para aumentar o cacife do partido no maior colégio eleitoral do País. Em evento na Assembleia paulista, líderes peemedebistas enalteceram a força da legenda, que mantém uma disputa por espaço com o PT na composição do governo federal. A candidatura de Chalita, no entanto, é bem vista por setores petistas que veem nele uma possibilidade de rachar o eleitorado tucano no Estado. “Estou aqui para impedir que declarem apoio a Chalita e lancem o PT como vice”, brincou um líder petista sobre integrantes do partido apoiadores da candidatura de Chalita. O ingresso do deputado no PMDB contou com o apoio da maior parte da cúpula petista.
Entre os presentes no evento, do qual participaram mais de 500 pessoas, estava a vice-prefeita, Alda Marco Antonio. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tentou costurar o apoio do PMDB à sua sucessão, mas foi atropelado pelo grupo de Temer que tomou o controle do partido em São Paulo com a morte do ex-governador Orestes Quércia, em dezembro passado.
Pará faz da região norte a nova campeã de homicídios no país
No começo de fevereiro, o delegado Alberto Teixeira, superintendente da Polícia Civil em Marabá, no Pará, decidiu colocar todo o efetivo nas ruas. À noite, liderou um comboio de cerca de 20 carros pela cidade. No jargão local, é o que se chama de "patrulhão". A ideia era fazer uma blitz nos pontos mais notórios de tráfico de drogas. Não demorou para que o patrulhão se desmantelasse. Relatos de assassinatos cometidos por duplas em motocicletas começaram a pipocar em diferentes pontos da cidade, cortada em três setores distintos pelos Rios Tocantins e Itacaiúnas.
As equipes de policiais se dividiram para atender aos chamados. Único a percorrer todas as cenas de crimes, o delegado Teixeira contou nada menos que 13 cadáveres antes de o sol nascer. Era seu primeiro dia de trabalho na cidade.
"Foi um cartão de boas-vindas mandado pelo tráfico", disse Teixeira, especialista em combate ao crime organizado. "Em 19 anos de polícia, nunca tinha visto nada parecido", acrescentou o delegado, que há pouco mais de quatro meses trocou Belém pelo principal município do "Polígono da Violência" - região no sudeste do Pará que concentra 14 cidades com altas taxas de assassinatos (veja quadro). Graças principalmente à espiral de violência nessa área, a Região Norte ultrapassou o Nordeste e é, pela primeira vez, a campeã de homicídios no País.
Importação de produto acabado dispara
As importações de produtos acabados estão crescendo quatro vezes mais rápido que as compras de insumos e matérias-primas para as empresas produzirem no País. O câmbio valorizado encareceu a fabricação local e tornou mais rentável trazer o produto de fora. De janeiro a abril, o volume importado de bens de consumo duráveis subiu 38,9% em relação a igual período de 2010, conforme dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Já a quantidade importada de bens intermediários avançou 9,6%.
"A diferença no ritmo de crescimento demonstra que o produto importado vem substituindo o nacional", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "A classe média compra mais bens de consumo e os importados estão mais baratos por causa do câmbio", diz Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultoria.
Os consumidores optam por carros, eletrodomésticos, eletrônicos, móveis, cosméticos e até produtos de limpeza importados. Dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) apontam que o Brasil importou 9 mil toneladas de detergente de janeiro a abril, alta de 79%. "É pouco em relação ao consumo, mas temos fabricação forte no País", diz Denise Naranjo, diretora da Abiquim.
O GLOBO
Aécio defende que PSDB amplie o leque de alianças
Usando toda a mineirice que deixou de lado durante o embate travado na semana retrasada com o ex-governador José Serra pelo comando do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) hesita em cantar vitória. Diz que está na hora de os tucanos pararem de olhar para o próprio umbigo e de brigar internamente para não perderem o bonde da História.
Para começar, defende que o partido amplie seu leque de alianças junto a partidos hoje governistas, como o PSB e setores do PMDB, sem perder de vista, porém, que seu adversário principal é e continuará sendo o PT. Mesmo admitindo que não fará uma oposição como a que os petistas fizeram contra o PSDB, Aécio mostra a língua afiada ao apontar as contradições de seus adversários, como o recente anúncio das privatizações de aeroportos.
Identificado hoje como um dos nomes fortes para a disputa presidencial de 2014, Aécio não quer ainda assumir abertamente sua condição de pré-candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff. E resiste também a mudar seu estilo 'bon vivant', que o levou recentemente a ter a carteira de habilitação suspensa, após se recusar a fazer o teste do bafômetro numa blitz no Rio.
O senhor se sente vitorioso na disputa travada com o ex-governador José Serra antes da convenção do PSDB?
De forma alguma. O PSDB é que saiu vitorioso. Há uma tendência de se achar que vivo em conflito permanente com Serra. Nós somos parceiros de um grande projeto de Brasil. O que prevaleceu foi a seguinte compreensão: ou nós paramos de olhar para os nossos umbigos e passamos a compreender o Brasil com as mudanças que vêm ocorrendo ou perderemos o bonde da história.
Tiros atingem carro do ex-governador Garotinho
O ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), confirmou agora pela manhã que seu carro, um Corolla , foi alvejado por dois tiros na madrugada de [ontem], próximo a Cabo Frio, na Região dos Lagos. arotinho, que retornava do Rio, onde participou da manifestação do movimento do Corpo de Bombeiros por melhorias salariais, disse que a polícia vai investigar o caso, e que ele não tem idéia da motivação do ataque: - Não descarto nada, não vou fazer comentários hipotéticos. Minha preocupação é que se aconteceu comigo pode acontecer com outras pessoas - disse Garotinho.
'O quartel do Comando Central é um santuário da corporação', diz novo comandante do Corpo de Bombeiros
O novo comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões, nomeado no sábado após a exoneração do coronel Pedro Marcos Machado durante a crise provocada pela invasão do quartel-general da corporação por centenas de militares que exigiam melhores salários, disse que a principal preocupação é normalizar o atendimento à população.
- É o momento de tomar pé das coisas e tranquilizar a cidade - disse Simões. - Digo aos bombeiros que temos uma responsabilidade com a população. O que aconteceu nos agride - acrescentou o oficial, que foi coordenador de planejamento de segurança do Corpo de Bombeiros para o Pan de 2007. Simões também criticou a postura dos colegas manifestantes: - O quartel do Comando Central é um santuário da corporação. A invasão é inaceitável e imperdoável.
Segundo o promotor militar Leonardo Cunha, que acompanha o caso, os 439 presos responderão por três crimes: motim (de 4 a 8 anos de prisão), dano (de 1 a 6 anos) e impedimento ao socorro (3 a 6 anos), de acordo com o Código Penal Militar. Enquanto Simões garante que a normalidade será mantida, bombeiros dizem que só estão atendendo a casos de emergência extrema. Segunda-feira, os militares vão estar nos quartéis, mesmo os que estão de folga, como forma de protestar.
Impunidade agrava situação dos marcados para morrer
Viúva do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, José Dutra da Costa, o Dezinho, morto por um pistoleiro em 2000, Maria Joel Dias da Costa, de 48 anos, virou alvo de ameaças e, mesmo sob proteção, diz que tem "medo de sentar numa igreja e falar com Deus".
A sensação de insegurança é agravada pela de impunidade: apesar de condenado, o pistoleiro que matou Dezinho fugiu da cadeia, e o principal mandante ficou preso apenas por 13 dias.
Ataque de míssil mata possível sucessor de Bin Laden
"Cérebro militar" da al-Qaeda e possível sucessor de Bin Laden, Ilyas Kashmiri foi morto na noite de [ontem] no Paquistão, após um ataque de míssil realizado por tropas dos Estados Unidos, segundo a inteligência paquistanesa. As informações são da Associated Press. Militantes do grupo também confirmaram a morte do comandante. Mas, oficialmente, nem Estados Unidos nem Paquistão confirmam. O porta-voz da organização, Abu Hanzla Kashar, promete vingança:
- O opressor EUA são o nosso único objetivo. Se Deus quiser, vamos vingar (a morte de Kashmiri) em breve e com força total - disse ele. Kashmiri teria sido atingido durante reunião com outros componentes do grupo, em um pomar. Ele era considerado um dos mais perigosos integrantes do grupo radical e seu desaparecimento - apenas um mês após a morte de bin Laden - pode abalar a Al-Qaeda.
Pesquisas mostram disputa acirrada nas eleições no Peru
Na véspera do segundo turno das eleições do Peru - o pleito acontece neste domigo -, institutos de pesquisas mostram empate técnico entre os candidatos Ollanta Humala e Keiko Fujimori. Levantamento da empresa de consultoria particular Ipsos Apoyo Opinión y Mercado, feito neste sábado, põe o candidato de centro-esquerda Ollanta Humala em primeiro lugar nas intenções de voto, com 51,9%. A candidata conservadora, Keiko Fujimori, aparece com 48,1% dos votos válidos.
O instituto de pesquisa observa que 10% dos eleitores ainda estão indecisos, o que torna o desfecho imprevisível. Foram ouvidos 4 mil eleitores em 26 distritos. A margem de erro é de 1,6%, para mais ou para menos.
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