O
procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Manoel Onofre Neto,
discorda do posicionamento do secretário estadual de Segurança, Aldair
Rocha. Em entrevista à Tribuna do Norte, o titular da Sesed disse que é favorável à Proposta de Emenda à Constiuição (PEC) 37/2011, que limita os poderes de investigação do Ministério Público. Onofre Neto, por outro lado, disse que o afastamento do MP de parte das
investigações beneficiaria os corruptos e policiais que cometem crimes.
Aldair DantasProcurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto
Afirmando
que a PEC "ofende o Estado Democrático de Direito", Onofre Neto
argumenta que a investigação por parte do MP é reconhecida por inúmeros
juristas e até pelo Supremo Tribunal Federal. A retirada da prerrogativa
do MP de produzir provas, na opinião do procurador-geral de Justiça,
vai de encontro ao que é praticado na maioria dos países democráticos.
"É
impossível conceber que o promotor de justiça, como destinatário final
do produto da investigação e titular da ação penal pública, não possa
praticar atos de investigação. Na grande maioria dos países de tradição
democrática, o Ministério Público detém atribuição para atos de
investigação sem que isso seja um tabu. Até porque, como parte
acusatória da ação penal, o órgão do MP pode sim produzir prova para
fins de formar sua opinião quanto ao fato investigado", disse Onofre
Neto, afirmando também que "é falacioso o argumento de que a
investigação retira do MP a isenção para se posicionar melhor durante o
caso".
Caso
a emenda consiga a aprovação, Onofre Neto acredita que os maiores
beneficiados serão os corruptos e os policiais que cometem crimes. "Na
verdade, o objetivo daqueles que defendem a aprovação da PEC é impedir
as investigações de crimes produzidas pelo Ministério Público,
notadamente no combate à corrupção e aos crimes cometidos por
policiais".
"Todo o Ministério Público brasileiro está se
articulando para impedir que a PEC em exame seja aprovada. Junto com o
MP, a sociedade civil organizada, bem como representantes políticos dos
mais diversos partidos, estão igualmente engajados em impedir esse
retrocesso institucional na democracia brasileira", concluiu.
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