Escreveu Paulinho da Viola: “O samba é alegria, falando coisas da gente. Se você anda tristonho, no samba fica contente.” E é com essa alegria contagiante, repertório inconfundível, e com a garra dos que trazem o samba nas veias e lutam para manter vivo o mais brasileiro dos ritmos, que o Grupo Arquivo Vivo completa 3 anos de muito batuque em Natal.
Descobertos no Buraco da Catita, logo subiram até o tradicional Beco da Lama, onde até hoje se encontram às quintas-feiras para uma roda de samba. No início, conhecidos como “os meninos das Rocas”, o Grupo Arquivo Vivo logo provou que samba não tem idade, cor, nem classe social.
A maior prova disso é que, com um repertório essencialmente de “velha-guarda”, o Arquivo Vivo tem conseguido atrair um número cada vez maior de jovens às suas apresentações. Jovens que também têm o samba correndo nas veias ou simplesmente se identificam com um ritmo marcado pela alegria, que faz da sua história a história do Brasil.
Do morro ao asfalto, o Grupo Arquivo Vivo hoje é referência quando se fala de samba na capital potiguar e encabeça, junto a outros poucos e bravos grupos, o movimento de redescoberta das raízes da música brasileira. “Queremos levar o samba de raiz ao maior número de pessoas possível, sejam jovens, adultos, pessoas mais velhas. E mais que isso: queremos fazer com elas conheçam também seus compositores”, destacou Marcos Souto, que comanda as cordas do Grupo.
Além de Marquinhos, como é conhecido, o Arquivo Vivo é composto por Maurício (surdo), Binho (reco), Carlinhos (rebolo) e Renan (pandeiro). São boêmios, na verdadeira essência da palavra, que conquistam adeptos e amantes da boa música, revivendo e redescobrindo a nostalgia dos tempos áureos do samba.
O repertório é um show à parte: Noel Rosa, Cartola, João Nogueira, Ataulfo Alves, Nelson Cavaquinho, Candeia, Dona Ivone Lara, Adoniran Barbosa, Monarco e Chico Buarque – para citar alguns - cedem seus versos, acordes e inspiram o trabalho do Arquivo Vivo.
“Na verdade, nossa inspiração é a história de vida de compositores como Cartola, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Candeia, além de outros vários, que nos inspiram pela sua simplicidade e pela riqueza de suas letras e melodias”, disse Marquinhos.
Atualmente, o Grupo se concentra no lançamento do seu primeiro CD, que já está gravado, pronto para tomar forma e ganhar o público. Com cinco músicas autorais, uma regravação - música de Khrystal - e faixas exclusivas de grandes compositores, o álbum foi intitulado “Samba no Beco” e promete trazer o melhor da essência do Arquivo Vivo.
“Procuramos deixar esse CD com a cara do nosso repertório, todo formado por músicas que nos arrepiam, que quando a gente escuta se apaixona, se envolve. Músicas que a gente realmente gosta de cantar, independente de estar fazendo um show ou apenas numa roda de samba com amigos. Enfim, são músicas escolhidas sem se preocupar muito com o comercial”, explicou o cavaquinista.
No entanto, ciente das demandas do público atual, o Grupo também está investindo nas redes sociais, como forma de divulgar o trabalho e reunir o público “bamba” de Natal.
“Apesar de o samba ser tão antigo, hoje tudo gira em torno das redes socias, e o Arquivo Vivo não poderia fazer diferente. Se o ritmo é tão contagiante pessoalmente, por que não tentar levar um pouco dessa energia para o nosso público através da web?”, pontua Marcos.
Por tudo isso, não faltam motivos para comemorar. A festa de aniversário do Grupo Arquivo Vivo será nesta quinta-feira (4), às 19h, no Beco da Lama. Mais do que nunca, o samba está vivo e, no que depender do Grupo Arquivo Vivo, permanecerá assim para sempre.
“Enquanto houver duas ou três palmas, olhos fechados, meia dúzia de instrumentos e essa energia que o público nos passa, não deixaremos o samba morrer”.
Serviço:
Aniversário do Grupo Arquivo Vivo
Data: 04/08/2011
Local: Beco da Lama
Horário: 19h
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