... tão divinos frutos, prometendo, por todo o sempre, colher e fraternalmente compartilhar, a paz, o amor, a não-violência, a retidão e a verdade.
Por Flávio Rezende*
CRÔNICA
O Dia dos Pais congrega em todo o planeta bilhões de seres em torno daqueles que, junto com as mães, tornaram possível a encarnação de muitos e muitos seres para experiências e oportunidades evolutivas diversas.
A comemoração começou há mais de quatro mil anos quando um jovem chamado Elmesu, moldou em argila um cartão desejando sorte, saúde e vida longa para seu pai. Eles viviam na Babilônia.
Nos tempos em que vivemos na aprazível cidade do Natal, reproduzo o sentimento de Elmesu para com seu pai, mudando apenas a forma da homenagem, utilizando eu neste 2011 a crônica, pois, sendo escritor, preciso de mais espaço e da utilização de letras digitadas para revelar o quanto amo este ser maravilhoso que seus pais decidiram nominar de Fernando Dantas de Rezende.
Hoje com cinqüenta anos e já um pouco afastado dos anos rebeldes, anos que são importantes, mas, que sempre colocam pais e filhos em lados um pouco opostos, posso na claridade desta data, perceber lucidamente o quanto foi e é importante a educação transferida por meu amado pai, na formação de meu caráter e da minha personalidade.
As minhas revoluções adolescentes como tatuagem, brinco na orelha, maconha, álcool e certa adoração por festas e mulheres em demasia, ele respondeu com equilíbrio e diálogo, colocando sua posição contrária de maneira educada e, assim, o tempo passou, eu deixei os excessos naturalmente, ficando de tudo citado apenas o gosto por uma mulher só.
A constatação de atos corruptos em diversos setores da sociedade ficou sempre distante de minha formação, apesar de ter assumido inúmeros cargos na AABB, no Banco do Brasil, na Associação Brasileira de Odontologia – Secção do Estado do Rio Grande do Norte, em outras entidades e atualmente no condomínio onde reside, nunca, jamais, em tempo algum, muito pelo contrário, meu querido e honesto pai teve conduta malévola, sempre conduzindo sua passagem por todos estes lugares com a dignidade dos homens de bem.
A percepção da distância que, infelizmente, muitos pais mantêm dos filhos, às vezes de maneira involuntária, como os que precisam viajar muito, noutros casos por preferir a companhia da bebida, do futebol ou da raparigagem, que dos entes queridos, não fez parte e nem faz, de minha trajetória. Todas as recordações que tenho remetem a sua presença física nos momentos mais importantes de minha vida, seja ajudando financeiramente, seja pegando em minha mão no leito do hospital, nas formaturas, nos eventos da Casa do Bem, nos lançamentos dos 22 livros que publiquei e em muitos outros momentos significativos que passei. E, apesar dos seus 87 anos de vida, continua me prestigiando até hoje em tudo que faço.
A falta da conversa amiga e da confidência gostosa, que é realidade na grande maioria dos relacionamentos entre pais e filhos, graças a meu bom pai, não tem guarita no terreno amoroso que cultivamos ao longo de toda nossa relação, culminando por todo este tempo, com a adubagem de constantes conversas e, a colheita bem feita de segredos, que até hoje, estão guardados em nossas fraternas plantações.
Em todos os campos da ética, dos bons costumes, da civilidade, em todas as áreas onde o ser humano jogou sua experiência para ampliar conhecimentos e evoluir, testemunho que meu pai foi aluno laureado e, soube compartilhar estes valores, oferecendo o testemunho dos meus irmãos e dos seus amigos e demais parentes, como avalistas de tão segura informação.
Se abrirmos um parêntese para eternizar aqui uma confissão, deixo registrado com a energia amorosa que sinto neste momento que, o meu tão querido e amado pai, é pós-doutor na universidade da vida e, se nela semeou e aguou valores humanos, pode ficar tranqüilo, pois o clã que gerou, aprendeu os ensinamentos e, está pondo em prática, tão divinos frutos, prometendo, por todo o sempre, colher e fraternalmente compartilhar, a paz, o amor, a não-violência, a retidão e a verdade.
E, no apagar das luzes do presente escrito, o acender eterno do meu amor para este pós-doutor, que deixa como herança o bem, por ser ele, a própria bondade.
(*) - É escritor, jornalista, ativista social e filho do Dr. Fernando Rezende
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