Ministro das Comunicações será questionado por oposição no Congresso sobre uso de jatinhos de empresa que tem negócios com governo, considerado ‘grave’ pelo procurador-geral
POLÍTICA - BRASILIA
Mato Grosso do Sul, Terça-Feira, 23 de Agosto de 2011
Mesmo depois de perder quatro ministros num prazo de dois meses e doze dias - três deles por suspeita de envolvimento em irregularidades e outro por falar mal dos colegas - e desencadear uma ofensiva de sedução dos partidos da base aliada, a presidente Dilma Rousseff não espantou a crise política da Esplanada. Setores do PMDB já falam abertamente na demissão de Pedro Novais do Turismo. Afora isso, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) entrou na mira da oposição por suposta carona em um jato particular e deve seguir nesta terça-feira, 23, o script do desgaste: em seu depoimento na Câmara, inicialmente sobre radiodifusão digital, deve tratar da denúncia.
Na segunda-feira, 22, Bernardo e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, foram obrigados a divulgar nota sobre o uso de jatinhos privados na campanha eleitoral, em mais um dia de tensão na Esplanada. O ministro assegurou que jamais viajou em aviões de empresas que prestam serviço ao governo, mas admitiu que, nos fins de semana, durante a campanha eleitoral, utilizou aeronaves de várias companhias - embora não tenha condições de dizer de quais. Paulo Bernardo disse que todas as viagens foram pagas pela coligação dos partidos em campanha no Paraná.
A oposição quer sitiá-lo nesta terça-feira com perguntas sobre viagens em aviões da Construtora Sanches Tripoloni, que presta serviços ao governo, principalmente na área de infraestrutura, conforme revelou reportagem da revista Época do fim de semana.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou na segunda-feira que, "tal como postas na imprensa", as denúncias contra Paulo Bernardo "são graves". Mas afirmou que é preciso ver "caso a caso" se existe "promiscuidade" nos episódios de autoridades públicas viajando em jatos particulares de empresários.
"Temos de ver caso a caso se efetivamente essa promiscuidade existe. Se existir, efetivamente é indesejável." "O Ministério Público não pode se precipitar e formar o seu juízo a partir de notícias divulgadas pela imprensa. Ele precisa, a partir dessas notícias, reunir elementos que permitam formar um juízo seguro a respeito", afirmou Gurgel.
Afastamento
Para aumentar a crise, desentendimentos na bancada do PMDB podem contribuir para a queda de Novais. A vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES), exigiu na segunda o afastamento do ministro do Turismo, cuja indicação foi bancada pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) e pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). "O Pedro Novais precisa sair. Ele tem uma história política e de vida e para reafirmá-la não pode ficar nessa de não sabia. Para mim, ele participa, ele tem responsabilidade no que aconteceu no Turismo. Se eu vou montar uma equipe e tem pessoas assim, eu não aceito", disse Rose de Freitas.
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