sexta-feira, 20 de abril de 2012

ADVOGADO VISITA CACHOEIRA EM PRESÍDIO E DIZ QUE ELE PASSA BEM

O advogado do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, disse ... 

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nesta quinta-feira que não está preocupado com a integridade física de seu cliente no Presídio da Papuda, no Distrito Federal. "Eu estive hoje com ele, não o conhecia, foi a primeira vez. Ele está bem. Essa ala onde ficam os presos federais é bem segura", disse o advogado.

Cachoeira chegou na manhã de ontem à Papuda, vindo do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró (RN), onde estava preso desde que foi deflagrada a Operação Monte Carlo, pela Polícia Federal, em fevereiro. O Ministério Público Federal (MPF) recorreu à Justiça contra a transferência. Na ação, o MPF alega que a penitenciária não apresenta condições de impedir o poder de influência do preso.

Segundo Bastos, ainda não há previsão de quando o habeas-corpus vai ser votado. "Ainda vai para a Procuradoria (Geral da República), deve ter uma semana, dez dias lá". O advogado de Cachoeira disse ainda que não teve acesso aos documentos que estão no Supremo Tribunal Federal. "Esse negócio não é fácil de ler. É muita coisa. Temos uma equipe fazendo isso, sistematizando".

Para Bastos não há constrangimento em defender uma pessoa acusada de participar de um esquema de corrupção. "Fui advogado por 45 anos antes de ser ministro da Justiça. Nosso sistema é baseado na presunção de inocência e no direito de todo acusado tem de ter um defensor".

Carlinhos Cachoeira é apontado com o chefe da quadrilha que explorava máquinas caça-níqueis e pagava propina para agentes públicos de segurança.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.
F:  A BRASIL
 
CONSELHO DE ÉTICA APROVA PEDIDO DE INFORMAÇÕES AO STF

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprovou requerimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso a informações referentes à investigação sobre o envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com o empresário Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo da Polícia Federal e acusado de exploração de jogos ilegais e corrupção.

A reunião realizada na manhã desta quinta-feira (19) foi marcada pela preocupação dos parlamentares com a integridade física de Cachoeira, que foi transferido de um presídio de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte, para o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, onde divide a cela com outros detentos.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) alertou que o empresário é um arquivo vivo e corre o risco de ser assassinado, a exemplo do que aconteceu com Paulo César Farias, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor, morto em 1996 em Alagoas.

"PC Farias morreu porque tinha um milhão de provas. A Polícia Federal não entrou no caso, e a versão final absurda foi a de um crime passional. Carlos Cachoeira deveria estar isolado e protegido. A transferência dele para Brasília foi uma decisão ridícula, e este Conselho de Ética tem que intervir. Se algo lhe acontecer, a responsabilidade é do governo", afirmou Simon.

Diante da preocupação, a presidência do Conselho analisa agora se fará um pedido formal ao Ministério da Justiça para que garanta a segurança de Cachoeira. O relator, Humberto Costa (PT-PE), reconheceu que há motivo para a preocupação, mas disse que o Ministério Público Federal já está atuando para reverter a decisão judicial que autorizou a transferência do preso para Brasília.

"É um arquivo de um conjunto de ações irregulares que precisam de apuração rigorosa. Portanto, é dever do Estado garantir a integridade física do investigado. Se necessário, vamos formalizar um pedido, aprovar e encaminhar ao Ministério da Justiça, mas temos convicção de que esta preocupação já é do Ministro da Justiça e do Ministério Público", afirmou Humberto Costa.

Informações
O requerimento aprovado nesta quinta-feira é assinado pelo senador Wellington Dias (PT-PI). O documento pede ao ministro Ricardo Lewandowski, relator do inquérito resultante da operação Monte Carlo no STF, informações que possam estar relacionadas apenas ao senador Demóstenes Torres. O Conselho garante ainda que vai respeitar o sigilo dos dados.

"O Conselho não pode se sustentar apenas com informações da imprensa. Precisamos ter documentos oficiais para municiar o relatório do relator Humberto Costa. Além disso há precedentes de que processos em segredo de justiça já foram encaminhados outras vezes ao parlamento, e num curto espaço de tempo", explicou Wellington.

Operação Vegas
Um segundo requerimento foi aprovado pelo Conselho de Ética nesta quinta-feira. Só que desta vez, dirigido à Procuradoria-Geral da República, com pedido de informações sobre a operação Vegas, realizada antes da operação Monte Carlo e que resultou na prisão de 18 pessoas.

"As duas ações são praticamente continuidade uma da outra, daí a necessidade de termos acessos aos dados completos", explicou o autor do requerimento, senador José José Pimentel (PT-CE).
F: Agência Senado


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