BRASÍLIA,
8 Mar (Reuters) - Um dia após sofrer uma derrota no Senado, a
presidente Dilma Rousseff reuniu-se na quinta-feira com o
vice-presidente Michel Temer e mostrou disposição para reverter a enorme
insatisfação que contaminou todos os partidos de sua coalizão e
desobstruir os canais de diálogo com os aliados.
Dilma e Temer aceiram os caminhos
Na noite de quarta-feira, o Senado rejeitou por 36
votos a 31 a recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O ex-dirigente é
técnico de máxima confiança de Dilma.
O Planalto considerou que o PMDB foi o principal
artífice da derrota, já que teria votos suficientes, ao lado do PT, para
aprovar a indicação.
Segundo relato de uma fonte do governo, durante a conversa com Temer a presidente lamentou, mas não demonstrou irritação com a decisão do Senado. Depois da encontro, porém, ela pediu que o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, dissesse oficialmente que lamentava o resultado da votação.
O governo ainda tenta entender a derrota e apontar
culpados. A ideia de que o PMDB teve papel vital na derrota imposta à
Dilma foi relatada por uma fonte palaciana sob condição de anonimato.
Por isso, também, Dilma reuniu-se com Temer.
Mas há também a compreensão, segundo outras fontes do
Planalto, de que outros partidos aliados, até mesmo do PT, podem ter
contribuído para a não aprovação do nome de Figueiredo.
A fonte do governo, que pediu para não ter seu nome
revelado, contou à Reuters que no encontro de aproximadamente uma hora
os dois chegaram a um consenso de que a votação de quarta-feira no
Senado foi fruto de uma insatisfação generalizada pela falta de canais
para diálogo entre o
Congresso e o Executivo.
Dilma e Temer também concluíram, segundo a fonte, que é
fundamental uma maior abertura aos partidos aliados para que eles
possam participar das decisões do governo.
Essa é uma das críticas centrais dos aliados, eles
reclamam que só são convocados para dar votos a favor das matérias
enviadas pelo Executivo ao Congresso e nunca são chamados para opinar
sobre programas ou projetos.
Dilma não marcou data para se reunir com os aliados,
nem o formato desses encontros, mas na reunião do Conselho Político da
Coalizão (que reúne líderes e presidentes de partidos aliados) no mês
passado disse que voltaria a chamar as lideranças do Congresso para uma
rodada de conversas.
A previsão inicial era que essas conversas
começassem na segunda quinzena de março.
Mas uma das fontes do Planalto afirmou que a presidente
estuda antecipar encontros com aliados, mas ainda não definiu se irá
repetir o que fez no ano passado - quando recebeu as bancadas no Senado.
Na quarta, logo após a votação, senadores e deputados
consideraram a rejeição a Figueiredo como uma mensagem clara e direta
para Dilma, já que o indicado foi seu assessor quando ela era ministra
da Casa Civil no governo Lula. Figueiredo foi apontado por Dilma para
desenvolver o projeto do trem-bala entre Campinas e Rio de Janeiro.
"Foi para atingir e avisar a presidente", disse após a votação um líder aliado sob condição de anonimato.
EMENDAS
Dilma e Temer, segundo a fonte do governo, não chegaram
a falar sobre temas específicos como liberação de emendas ou a votação
do Código Florestal na Câmara dos Deputados, que tem provocado aflição
na área política do governo.
Mas há um diagnóstico, segundo a fonte, de que o
governo precisa cumprir um acordo feito com os líderes no ano passado
para empenhar entre 30 e 40 por cento das emendas individuais dos
parlamentares.
Sem cumprir isso no orçamento de 2011, o mais provável é
que a compensação seja feita com a liberação de restos a pagar de
emendas de outros anos ou mesmo empenhando emendas do orçamento vigente.
Pouco antes da rejeição a Figueiredo, a presidente
discutia com outros ministros esse tema no Palácio do Alvorada, mas
interrompeu as conversas ao saber da decisão no Senado para evitar que
fosse feita uma ligação direta entre a reunião e a derrota sofrida.
No Palácio do Planalto, a avaliação é que se houver
anúncio de liberação de emendas imediatamente os aliados podem fazer a
leitura de que impor derrotas à presidente no Congresso serve como arma
para pressioná-la.
F: br.noticias
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