terça-feira, 20 de março de 2012

MP DENUNCIA GRUPO ENCABEÇADO POR CARLINHOS CACHOEIRA

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) apresentou à Justiça Federal denúncia contra a máfia dos caça-níqueis, encabeçada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A máfia foi desarticulada pela Operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro deste ano. Ao todo, 81 pessoas são acusadas de participar da organização criminosa que explorava o jogo em Goiás há mais de dez anos, incluindo policiais. Segundo a denúncia, 79 são membros efetivos do grupo criminoso. O MPF pede que os acusados devolvam aos cofres públicos o valor gasto para coibir os atos do grupo.

A quadrilha explorava direitos dos pontos de jogo em Goiânia e no entorno de Brasília, onde as máquinas caça-níqueis estavam clandestinamente instaladas. O negócio se mantinha com apoio de policiais Militares, Civis e Federais. De acordo com denúncia do MPF, "esses agentes organizavam pseudoatuações, simulações de trabalhos policiais, tudo para conferir impressão de enfrentamento ao crime, ou, em outros casos, eram utilizados para eliminação de concorrentes e desarticulação de pessoas que se afastavam do controle e orientação do grupo, viabilizando um domínio territorial rígido, de longo prazo e cartelizado da atividade, monopolizando-a em todo o estado".

Em 205 páginas, a peça acusatória do MPF/GO é a primeira de algumas denúncias que serão feitas contra o grupo criminoso organizado. A denúncia aponta formação de quadrilha armada, corrupção, peculato e violação de sigilo perpetrado por servidores públicos federais, estaduais e municipais.

Nas próximas denúncias do MPF/GO, a quadrilha será enquadrada nos crimes financeiros, contrabando, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, os três principais membros do grupo criminoso, que se encontram em prisão provisória no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, poderão pegar penas superiores a 30 anos.

Segundo a denúncia, o grupo liderado por Carlinhos Cachoeira contava com estrutura de apoio que conferia característica empresarial ao grupo. Além do apoio policial, que fornecia o viés armado à organização, a quadrilha operava com uma rede de apoiadores composta por pessoas responsáveis pelo controle financeiro, contábil e recolhimento dos lucros, além de outras que lidavam com a montagem, instalação e fornecimento de peças para máquinas de apostas.

"Os gastos operacionais para manutenção do esquema - como reparos de máquinas caça-níqueis, aluguéis, vantagens indevidas a servidores públicos - eram uma espécie de investimento, uma vez que o objetivo era que o negócio girasse, ajudando em sua manutenção e, em consequência, viabilizando a racionalização da atividade, a conferir, assim, características empresariais à organização", assinalam os procuradores da República Daniel de Resende Salgado, Lea Batista de Oliveira e Marcelo Ribeiro de Oliveira, responsáveis pela denúncia.
F: Ag O Globo

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