A Comissão Nacional da Verdade, que
será instalada oficialmente nesta terça, irá se dedicar à investigação de
violações de direitos humanos cometidas por agentes do Estado nos anos do
regime militar. Embora seus integrantes ainda não tenham se reunido
oficialmente, suas declarações indicam que a avaliação de atos de terrorismo
praticados por militantes de esquerda que se opunham à ditadura não fará parte
de seu trabalho.
Em entrevista, o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro,
uma das sete personalidades escolhidas pela presidente Dilma Rousseff para
compor a comissão, foi enfático: “O único lado é o das vítimas, o lado das
pessoas que sofreram violações de direitos humanos. Onde houver registro de
vítimas de violações praticadas por agentes do Estado a comissão irá atuar”.
Na avaliação do diplomata, nenhuma das quase 40
comissões da verdade instaladas no mundo tiveram como objetivo ouvir dois
lados, como desejam setores militares brasileiros: “Nenhuma comissão da verdade
teve ou tem essa bobagem de dois lados, de representantes dos perpetradores dos
crimes e das vítimas. Isso não existe”.
Nesta segunda, no Rio, ao ser homenageada por
alunos e colegas da Escola de pós-graduação em Políticas Públicas e Governo, a
professora e advogada Rosa Cardoso, também convidada para a comissão,
praticamente descartou a possibilidade de investigar crimes cometidos pelas
organizações armadas. “Vocês sabem que o Brasil não está inventando, não está
inovando institucionalmente quando cria uma comissão da verdade. Hoje existem
40 comissões criadas no mundo”, afirmou. “Essas comissões, quando são criadas
oficialmente, pretendem rever condutas de agentes públicos. E é isso o que
fundamentalmente nós vamos rever: condutas de agentes públicos.”
Rosa foi advogada de dezenas de presos políticos.
O mais famoso foi Dilma Rousseff, que esteve presa nos anos 70 por fazer parte
da organização guerrilheira Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
(VAR-Palmares).
O advogado José Carlos Dias, ex-ministro da
Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso e ex-diretor da Comissão de
Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, também disse que o objetivo
principal da comissão será a investigação de violações de direitos humanos
cometidos por agentes de Estado. “Esse deve ser o objetivo, quando começarmos a
trabalhar. “Todos os fatos que chegarem ao nosso conhecimento serão
analisados.”
Recado
Na sexta-feira, o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também já havia mandado um recado aos descontentes com a criação da comissão. Depois de enfatizar que ela não terá nenhum caráter revanchista, insistiu que os seus trabalhos serão levados adiante “doa a quem doer”. A presidente Dilma Rousseff deve instalar oficialmente a comissão na quarta-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Na sexta-feira, o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também já havia mandado um recado aos descontentes com a criação da comissão. Depois de enfatizar que ela não terá nenhum caráter revanchista, insistiu que os seus trabalhos serão levados adiante “doa a quem doer”. A presidente Dilma Rousseff deve instalar oficialmente a comissão na quarta-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário