sexta-feira, 18 de maio de 2012

MP ABRE INQUÉRITO PARA INVESTIGAR VENDA DA DELTA PARA J&F


O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro abriu inquérito para investigar o acordo de venda da Delta Construções para a holding J&F, que controla o frigorífico JBS. A Delta está no centro de denúncias de irregularidades contra o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil
O inquérito, aberto na sexta-feira, pede informações às empresas envolvidas e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem participação no JBS. As companhias receberam do procurador Edson Abdon prazo até a semana que vem para prestar esclarecimentos.

Segundo informou nesta quarta-feira a assessoria de imprensa do MPF no Rio de Janeiro, Abdon também pediu informações ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria Geral da União sobre indícios de irregularidades em obras tocadas pela Delta no Estado do Rio de Janeiro. A instauração de inquérito atende ao pedido feito pelo procurador regional da República no Rio Nivio de Freitas Silva Filho.

Na semana passada, ao pedir a abertura do inquérito, o procurador regional alegou que, "caso se concretize esse negócio, o BNDES, em evidente afronta aos princípios da legalidade e moralidade, irá inexoravelmente participar de empresa sobre a qual recaem notícias da prática de graves ilicitudes".

Também na semana passada, ao negar ter dado aval à transação entre Delta e J&F, o governo federal lembrou que há um processo na CGU que pode resultar na declaração de inidoneidade da construtora, o que a impediria de ser contratada pela administração pública.

Desde o início das denúncias envolvendo a empresa, a Delta, recordista de contratos no âmbito do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), deixou obras nas quais participava de consórcio com outras empreiteiras e vem sofrendo pressão para abandonar empreendimentos estatais que toca sozinha.

Carlinhos Cachoeira é alvo de uma CPI mista no Congresso Nacional que investiga suas relações com agentes públicos e privados. Ele está preso desde fevereiro acusado de comandar um esquema de jogos ilegais.

O relator do que já está sendo chamada CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), já afirmou que um dos principais objetivos da comissão é detalhar a participação da Delta na suposta organização criminosa que seria comandada por Cachoeira.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José

Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
F: noticias.terra

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