ARTIGO
Uma penumbra de
nuvens densas e frias na tarde da segunda-feira, 7 de Maio de 2012, criou um
ambiente de sonhos para mim. Lá estava eu assistindo ao meu filho Walter
defender uma monografia perante uma banca de professores do Instituto Federal
de Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte, para formar-se em Construção
Civil. Depois de uma apresentação emocionada e bela, eis o resultado: aprovado.
Felicidade em seu semblante e da sua namorada, também presente.
Impossível conter as palavras no
momento em que senti que era possível dizer algo. Para dizer aos presentes que
inaugurei aquele prédio junto com as turmas de alunos de 1967. Naquele ano a
Escola Industrial de Natal passava a funcionar na Salgado Filho com Bernardo
Vieira e ali cursei o Ginásio Industrial. E falei sobre outros momentos da
história daquela escola, que este ano completa 103 anos de fundação.
Andando naqueles corredores tive
de comparar os tempos. Nos anos 60/70 a escola atendia apenas estudantes do
sexo masculino. Tinha apenas o prédio central, que terminava com uns galpões de
oficinas. De lá para cá ganhou urbanização em lugar da areia e cajueiros;
ginásio coberto; estádio; auditório; centro de convivência; laboratórios e
tantos outros recursos. Na minha avaliação de quem não tem muita amizade com
matemática, em 67 a escola seria 20% do que é hoje, em termos de estrutura. Um
professor estimou na hora em cerca de 40%. O fato é que cresceu muito.
Cresceu e mudou. Moderna já era, mas modernizou-se muito mais. Acompanhou a evolução e hoje continua uma escola jovem, embora centenária. Onde nem telefone se sonhava em ter, estão dispostos notebooks, projetores, internet e todos os demais recursos que os professores, alunos e funcionários precisam dispor para se manterem sintonizados com o mundo lá fora e com os tempos que sempre mudam.
Fiquei emocionado com aquele
aconchego de jovens, estudantes, namorados, naquela movimentação tão viva, cada
um em busca de suas obrigações, cada um com certeza vivendo momentos
importantes de suas vidas. O vento da janela, vindo do Morro Branco, é o mesmo
que batia em meu rosto nos anos sessenta. E nos laboratórios, o olhar dos
jovens para as máquinas, visores e medidores são os mesmos olhares que hoje
aprendem as coisas do Século XXI, com os mesmos sonhos dos olhos que aprendiam
a montar um rádio ouvindo o professor Názaro explicar como se media os
nanofarades e microfarades.
Mesmo tendo crescido tanto, a
escola de 1967 está lá. Sabemos onde ela começa e onde começou a ser ampliada.
Foi extasiante, embora tenha procurado disfarçar, caminhar naquele corredor
onde pegava a xepa; olhar pela varanda de onde se via a escola em forma para
cantar o Hino Nacional; passar naquela rampa vendo os mesmos desenhos de Newton
Navarro e observar que as suas paredes receberam azulejos de cores discretas
para quebrar a monotonia da construção original, e que mudaram para melhor.
Na frente, a mesma sala onde a
minha mãe foi anos seguidos comprar minhas fardas, cadernos e livros; onde a
telefonista Mariêta atendia a toda a escola; onde os professores remanescentes
da EIN – Escola Industrial de Natal recebiam o respeito de todos. Até a chuva
que me fazia chegar à casa molhado, vez por outra, apareceu no começo da noite.
E por fim uma tristeza, uma saudade, uma vontade de ficar mais, mas era hora de
sair de novo daquele chão do tempo, levando comigo mais uma bela lembrança; uma
lembrança inesquecível.
Walter Medeiros
Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário