Líderes do PSDB, do DEM, do PPS, do PSOL e da minoria na Câmara dos Deputados entraram, nesta segunda-feira (28/5), com representação riminal na Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente da
República Luiz Inácio Lula da Silva. As legendas pedem que o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, instaure procedimento
para investigar possíveis crimes de tráfico de influência, corrupção
ativa e coação no curso do processo.
A representação é assinada
pelos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), José Agripino (DEM-RN), Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e pelos deputados
federais Bruno Araújo (PSDB-PE), Rubens Bueno (PPS-PR) e Mendes Thame
(PSDB-SP). Os cinco parlamentares requerem que, após as investigações,
seja oferecida denúncia “em face da conduta flagrantemente antijurídica
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que seja promovida a
respectiva e necessária ação penal que os fatos reclamam”.
Os parlamentares fundamentam a representação na reportagem da revista Veja que
circulou no final de semana. De acordo com a representação, a
reportagem não trata de “mera especulação jornalística, posto que os
fatos relatados pela revista Veja indicam duas testemunhas
fundamentais para a elucidação dos fatos: o ministro do Supremo Tribunal
Federal Gilmar Ferreira Mendes e o ex-ministro da Defesa Nelson Azevedo
Jobim, que teria presenciado a conversa".
“O próprio ministro Gilmar Mendes teria afirmado à Veja que ficou ‘perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula’.
Já o ex-ministro Nelson Jobim teria confirmado à revista o encontro em
seu escritório, mas deixou a entender que participou apenas de parte da
conversa, as de ‘tom amigável’. Tudo indica a necessidade de que sejam ouvidos a respeito dos fatos”, justificam os parlamentares.
De acordo com Veja,
o ministro Gilmar Mendes foi convidado para um encontro com Lula no
escritório de Nelson Jobim, advogado, ex-presidente do Supremo e
ex-ministro da Defesa do governo petista. Lula teria dito a Mendes que é
inconveniente que o mensalão seja julgado antes das eleições e afirmado
que teria o controle político da CPI do Cachoeira. Ou seja, poderia
proteger Gilmar Mendes.
O encontro foi patrocinado por Jobim. Lula
começou por oferecer “proteção” a Gilmar Mendes, no âmbito da CPI do
Cachoeira, uma vez que ele teria a comissão sob seu comando. Gilmar
reagiu negativamente e Jobim tentou consertar: “O que o presidente quis
dizer é que o Protógenes pode querer convocá-lo”. Ao que Gilmar teria
retrucado que, nesse caso, quem precisa de proteção é ele, pelas suas
ligações com o esquema de Cachoeira.
Ao repetir que suas ligações
com o senador Demóstenes nunca passaram dos limites institucionais, Lula
teria perguntado sobre a viagem de Gilmar e Demóstenes a Berlim. “Vou a
Berlim como você vai a São Bernardo do Campo. Minha filha mora lá. Vá
fundo na CPI”. Mendes confirma o encontro com Demóstenes na Alemanha,
mas garante que pagou as despesas da viagem de seu bolso.
O
anfitrião do encontro entre Lula e Gilmar Mendes, Nelson Jobim, negou
que o ex-presidente tenha feito pressão sobre o ministro do Supremo. Em
entrevista ao jornal Zero Hora, do Rio
Grande do Sul, Jobim disse: “Não houve nenhuma conversa nesse sentido.
Eu estava junto, foi no meu escritório, e não houve nenhum diálogo nesse
sentido. Foi uma conversa institucional. Lula queria me visitar porque
eu havia saído do governo e ele queria conversar comigo. Ele também tem
muita consideração com o Gilmar, pelo desempenho dele no Supremo. Foi
uma conversa institucional, não teve nada nesses termos que a Veja está
se referindo”.
F: ConJur.com.br
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