Principais grupos de comunicação fecham pacto de não
agressão e transmitem ao planalto a mensagem de que pretendem retaliar o
governo se houver qualquer convocação de jornalistas ou de empresários
do setor. Porta-voz do grupo na comissão é o deputado Miro Teixeira. Na
Inglaterra, um país livre, o magnata Rupert Murdoch depôs ontem
Há exatamente uma semana, o executivo Fábio Barbosa, presidente do
grupo Abril e ex-presidente da Febraban, foi a Brasília com uma missão:
impedir a convocação do chefe Roberto Civita pela CPI sobre as
atividades de Carlos Cachoeira . Jeitoso e muito querido em Brasília, Barbosa foi bem-sucedido, até agora. Dos mais de 170 requerimentos já apresentados, não constam o nome de Civita nem do jornalista Policarpo Júnior,
ponto de ligação entre a revista Veja e o contraventor Carlos
Cachoeira. O silêncio do PT em relação ao tema também impressiona.
"O Brasil se vê hoje diante de uma encruzilhada:
ou opta pela liberdade ou se submete ao coronelismo midiático"
Surgem, aos poucos, novas informações sobre o engavetamento da
chamada “CPI da Veja” ou “CPI da mídia”. João Roberto Marinho, da Globo,
fez chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que o governo seria
retaliado se fossem convocados jornalistas ou empresários de
comunicação. Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo,
também aderiu ao pacto de não agressão. E este grupo já tem até um
representante na CPI. Trata-se do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).ou opta pela liberdade ou se submete ao coronelismo midiático"
Na edição de hoje da Folha, há até uma nota emblemática na coluna
Painel, da jornalista Vera Magalhães. Chama-se “Vacina” e diz o que
segue abaixo:
“O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) vai argumentar na CPI, com base no artigo 207 do Código de Processo Penal, que é vedado o depoimento de testemunha que por ofício tenha de manter sigilo, como jornalistas. O PT tenta levar parte da mídia para o foco da investigação”.
O argumento de Miro Teixeira é o de que jornalistas não poderão ser forçados a quebrar o sigilo da fonte, uma garantia constitucional. Ocorre que este sigilo já foi quebrado pelas investigações da Polícia Federal, que revelaram mais de 200 ligações entre Policarpo Júnior e Carlos Cachoeira. Além disso, vários países discutem se o sigilo da fonte pode ser usado como biombo para a proteção de crimes, como a realização de grampos ilegais.
Inglaterra, um país livre
Pessoas que acompanham o caso de perto estão convencidas de que
Civita e Policarpo só serão convocados se algum veículo da mídia
tradicional decidir publicar detalhes do relacionamento entre Veja e
Cachoeira. Avalia-se, nos grandes veículos, que a chamada blogosfera
ainda não tem força suficiente para mover a opinião pública e pressionar
os parlamentares. Talvez seja verdade, mas, dias atrás, a hashtag
#vejabandida se tornou o assunto mais comentado do Twitter no mundo.
Um indício do pacto de não agressão diz respeito à forma como
veículos tradicionais de comunicação noticiaram nesta manhã o depoimento
de Rupert Murdoch, no parlamento inglês. Sim, Murdoch foi forçado a
depor numa CPI na Inglaterra para se explicar sobre a prática de grampos
ilegais publicados pelo jornal News of the World. Nenhum jornalista,
nem mesmo funcionário de Murdoch, levantou argumentos de um possível
cerceamento à liberdade de expressão. Afinal, como todos sabem, a
Inglaterra é um país livre.
O Brasil se vê hoje diante de uma encruzilhada: ou opta pela liberdade ou se submete ao coronelismo midiático.
F: pragmatismopolitico.com.br
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